Por: Irina de Melo Lopes*
Prezados militantes do PAICV e sociedade civil,
Venho, por este meio, reconhecer com serenidade que a minha colaboração técnica já não é considerada necessária pelo partido, e por isso deixarei de prestar o apoio que vinha oferecendo de forma voluntária. Desde o início, a minha única motivação foi contribuir com o meu conhecimento para fortalecer o nosso partido, promovendo maior organização, transparência e rigor nos processos internos.
A minha atuação pautou-se sempre por princípios éticos e profissionais. Nunca fiz parte de nenhum órgão dirigente e, mesmo assim, disponibilizei o meu tempo, o meu saber e os meus meios pessoais para garantir, entre outros aspetos, uma gestão funcional da base de dados, o funcionamento do website, a organização técnica do processo eleitoral, incluindo a geração dos cadernos eleitorais e o apoio à recolha e disponibilização de resultados em tempo real — um marco que visava reforçar a credibilidade do PAICV.
Gostaria também de lembrar que, durante o processo de validação das candidaturas, e com espírito de camaradagem e interajuda, coloquei-me à disposição de todas as candidaturas, assim como do CNJF, oferecendo o meu apoio técnico e dedicando o meu tempo para garantir que o processo decorresse com transparência, rigor e dentro dos prazos. Muito do que foi alcançado nesse momento espelha o meu trabalho — e, curiosamente, naquela altura, a minha integridade e imparcialidade não foram colocadas em causa. Hoje, lamento ver esses mesmos valores a serem postos em causa, quando sempre os pautei com clareza e consistência em todas as fases do processo.
Ademais, por não ter qualquer interesse pessoal, direto ou indireto, na continuidade de um apoio que, claramente, já não é desejado, nunca senti necessidade de responder à contestação apresentada, nem aos diversos ataques pessoais feitos nas redes sociais ao longo deste processo. Optei sempre por continuar a trabalhar com serenidade, ética e sentido de responsabilidade, mantendo o foco na contribuição que me propus dar, de forma voluntária, desinteressada e com espírito de serviço, sem qualquer expectativa de reconhecimento ou retorno. Estando integrada num espaço partidário, não considero necessário justificar a minha imparcialidade ou a minha ética — esses valores fazem parte da minha conduta pessoal e profissional. O que é dado de forma voluntária deve ser recebido com respeito, mas nunca exigido ou condicionado à aceitação alheia.
É importante esclarecer que todas as falhas relacionadas com omissões, registos de pessoas falecidas, duplicações ou incongruências na base de dados são da inteira responsabilidade das estruturas setoriais. A atualização e validação dos dados dos militantes é um dever exclusivo dessas estruturas, que, apesar das repetidas solicitações e tentativas de colaboração da minha parte, não responderam de forma assertiva, coordenada ou tempestiva. Acresce que, não conhecendo pessoalmente os militantes, nunca me foi possível — nem seria apropriado — assumir a responsabilidade de determinar quem está ativo, inativo, falecido ou vinculado a outro partido. Inclusive na clarificação de casos de duplicações entre zonas, a falta de comunicação entre as estruturas impediu soluções efetivas. A componente técnica que me competia foi sempre assegurada com rigor; as falhas existentes decorrem unicamente da ausência de ação das estruturas locais.
Com o meu afastamento, e tendo em conta que o partido não considera mais necessária a minha colaboração, deixarei também de prestar qualquer apoio técnico em outras frentes, por uma questão de coerência e respeito mútuo. Naturalmente, e como sempre foi meu hábito, irei partilhar todas as credenciais e acessos que ainda detenho, assegurando uma transição tranquila e responsável, de forma a evitar eventuais interrupções ou perdas de acesso, como já ocorreu no passado.
Desejo sinceramente que o partido consiga manter os padrões de transparência e eficácia necessários à realização dos próximos processos eleitorais, que os dirigentes agora responsáveis consigam assegurar eleições justas, com cadernos eleitorais corretamente elaborados e validados, e que se consigam alcançar os resultados que outrora se obtiveram com o apoio técnico que deixo de prestar. Aproveito para apelar a todos os militantes que assumam um papel ativo de fiscalização no dia das eleições — é dever de cada um zelar para que o processo decorra de forma íntegra, digna e transparente, à altura dos valores que o nosso partido defende.
Com sentido de missão,
Cidade da Praia, 13 de maio de 2025
*Engenheira15
