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Economia

Turismo/Sal: Barco de recreio navega sem tripulação certificado

Há indícios de irregularidades no licenciamento, na observação das condições de segurança previstas no código marítimo e nas convenções sobre a protecção e salvação de vidas no mar, sobre o acesso à profissão e certificação do pessoal marítimo, de uma embarcação de recreio de um dos principais operadores turísticos na ilha do Sal. Contactado, o IMP prefere o silêncio.

Cidadãos cabo-verdianos que trabalham na zona portuária da Palmeira, na ilha do Sal, levantam várias questões sobre um alegado negócio que está a florescer, mas que parece estar completa mente desregulado: actividade de recreio náutico, ou passeios de barco para turistas, entre a Baía da Palmeira e a zona da Ponta Preta.

Além de colocar a vida de pessoas em risco, trata-se de uma actividade que vem gerando mais uma situação de quase monopólio estrangeiro, através de operadores turísticos, numa área que podia gerar oportunidades para outros. No dizer de um dos nossos interlocutores, “a procura por esse tipo de oferta vem aumentando exponencialmente e a gula pelo dinheiro fácil também”.

Formação rápida De acordo com uma fonte, tripulantes vão às Canárias, fazem formação de três a cinco semanas e regressam marinheiros e a pilotar navios de 70 passageiros, “algo muito estranho”, por quanto “uma formação dessas na Escola do Mar”, em São Vicente, “é longa, exige estágio no mar acompanha do e um determinado número de horas de mar, pós for mação para se poder começar, não como comandante, mas como imediato”.

Para se ter uma ideia, em sentido contrário, “quadros formados na Escola do Mar não têm certificado para exercerem como comandantes e esses que vêm das Canárias sem qualquer formação prévia chegam a pilotar”.

Outra informação que nos foi prestada é que se está a navegar apenas dentro das cinco milhas e que por isso quem devia agir era a polícia marítima e não o faz e nem coopera com a Delegação Marítima. “Desculpas de mau pagador. Já conheço esse ‘passa culpas’ no sector onde há uma longa cultura de corrupção”, afirma o nosso interlocutor.

De acordo com as nossas fontes, “num desses dias, foi preciso ir a Boa Vista buscar passageiros e que quem foi chamado é um dos formados na antiga ISECMAR que, entretanto, não tem certifica do para exercer como capitão/comandante. Porque os outros, com certificados das Canárias, não podem sair das cinco milhas”.

Operadores “são poderosos”

A pessoa que nos denunciou o episódio relata que tentou falar com o actual Capitão dos Portos de Barlavento e esse disse-lhe que não pode fazer nada por quanto “as ordens vêm de cima” e que os operadores que estão a operar no ramo “são poderosos”.

Por outro lado, segundo informações que foram igualmente facultadas ao NAÇÃO, o próprio cais da Palmeira de onde zarpam as embarcações com os passageiros turistas não tem as mínimas condições para esse tipo de operações.

IMP em silêncio

Este jornal contactou a delegada do Instituto Marítimo e Portuário (IMP) no Sal, Samira Gomes, mas esta esquivou-se; alegou que não estava autorizada a falar para a comunicação social e que te ríamos de contactar os serviços centrais em São Vicente.

Tentamos falar com Seidi Santos, presidente do IMP, mas este preferiu que a “intermediação” fosse feita com a sua secretária, que nos solicitou, por seu turno, o envio de perguntas por email. Enviadas, as nossas questões ficaram por responder até ao fecho desta edição.

Daniel Almeida

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