António Santos Neves, ex-emigrante, compositor, intérprete e construtor de instrumentos de corda, faleceu Domingo, 19, na ilha de São Vicente, aos 92 anos de idade. “António Sancha”, como era também carinhosamente conhecido, conquistou com reconhecido mérito o epíteto de “bom samaritano” por ter ajudado a dezenas de cabo-verdianos a encontrarem uma vida melhor na emigração.
A Câmara Municipal da Boa Vista já manifestou o seu “profundo pesar”, pelo falecimento de António Santos Neves e recorda com “gratidão o valioso contributo que deixou à cultura boa-vistense e à nossa diáspora”.
Por sua vez, o Clube Falcões do Norte, São Vicente, também manifestou o seu “mais profundo pesar” pelo falecimento daquele que foi seu Sócio.
Homenagem da filha Lutchinha
“António Sancha” é pai da conhecida artista cabo-verdiana, Lutchinha Leite, que regressou recentemente dos Estados Unidos, onde reside desde 1989, para promover um concerto em homenagem a São Vicente e ao pai e que, coincidentemente, teve lugar, Domingo, 19 de Outubro, na cidade do Mindelo.
Conforme A Nação também apurou, em meados de 2024, “António Sancha”, acompanhado por sua família, foi recebido “calorosamente” na Câmara Municipal da Boa Vista, pelo actual edil Cláudio Mendonça, que lhe expressou “profunda gratidão” pela sua “notável generosidade e o dedicado trabalho prestado aos seus conterrâneos.”
Nessa mesma ocasião, “António Sancha” desfrutou de uma homenagem organizada em Povoação Velha, Boa Vista, por iniciativa da Rádio Rabil Internacional, em parceria com familiares e o apoio da autarquia local.
Legado cultural e de generosidade
António Santos Neves nasceu a 13 de Junho de 1933, na localidade de Estância de Baixo e foi um profundo conhecedor das atividades marítimas, tendo alcançado na Europa o posto de oficial em um navio de grande porte, realizando viagens entre Europa e África e vice-versa. Também viveu muitos anos na Ilha de São Vicente.
Dada sua generosidade, conseguiu levar consigo, em cada viagem, compatriotas como tripulantes, proporcionando a dezenas de cabo-verdianos a oportunidade de deixar o país em um período desafiador, marcado por seca e perseguições políticas. Assim, o seu legado influenciou directa e indirectamente inúmeras famílias, que, graças às viagens organizadas por ele, puderam mudar o curso de suas vidas.
António Santos Neves foi também um exímio compositor, construtor, intérprete e de instrumentos de corda, com especial ênfase o icónico bandolim tradicional.
