O Produto Interno Bruto (PIB) da Economia do Mar, em Cabo Verde, atingiu 20,1% do PIB nacional, que foi de 254.973 milhões de escudos (ECV), correspondendo a um crescimento de 2,0 p.p. face a 2022. Os dados constam da Conta Satélite do Mar divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Na mesma semana em que São Vicente acolhe mais uma edição da Ocean Week, a oitava, o INE divulgou a conta satélite do mar de Cabo Verde. O documento, que resulta de uma parceria entre o INE e a Direção Nacional de Pesca e Aquacultura, visa dar a conhecer a importância e impacto das actividades relacionadas com o mar no bolo total da economia, por assim dizer.
Entre os principais resultados da Conta Satélite do Mar destaca-se que, em 2023, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) da Economia do Mar representou 20,3% do VAB nacional, correspondendo a um acréscimo de 1,8 pontos percentuais (p.p.) face ao valor registado em 2022.
Em 2023, o VAB da economia do mar, que inclui oito sectores de actividade, atingiu os 43.928 milhões de ECV, contra os 37.217 milhões verificados em 2022 e os 23.525 milhões registados em 2021. Na prática, o peso dos impostos líquidos de subsídios sobre os produtos da Economia do Mar, no total nacional, também registou um aumento de 3,5 p.p. em 2023, em comparação com o ano anterior. Foram 5.477 milhões de ECV em 2022 e 7.436 milhões em 2023.
20,1% do PIB nacional
No mesmo sentido, o relatório salienta que o PIB da Economia do Mar atingiu, em 2023, 20,1% do PIB nacional, traduzindo um crescimento de 2,0 p.p. face a 2022. Ou seja, na prática, o PIB da Economia do Mar cifrou-se nos 51.364 milhões de escudos (ECV), em 2023, contra os 42.694 milhões de ECV registados em 2022 e os 26.361 milhões de ECV alcançados em 2021.
Em anos pré-covid, ou seja, 2018 e 2019, o PIB da Economia do Mar tinha atingido valores que se aproximavam dos de 2022. Respectivamente, 40.518 milhões de ECV, em 2018 e 46.982 milhões em 2019.
De notar que em questão estão as contribuições de oito sectores que constituem a Economia Marítima. Pesca e aquacultura, transformação e comercialização dos seus produtos; Recursos marinhos não vivos; Portos, transporte e logística; Recreio, desporto, cultura e turismo; Construção, manutenção e reparação naval; Equipamentos marítimos; Infraestruturas e obras marítimas e, por fim, Serviços marítimos.
Recreio, desporto, cultura e turismo são os que mais contribuem para os impostos
Dentro da Economia Marítima, o sector que mais contribui para o VAB desde 2018 até 2023 foi o de Recreio, desporto, cultura e turismo. Só em 2023 este item representou 20.662 milhões de ECV do VAB da Economia do Mar (43.928 milhões de ECV) mais 5.215 milhões do que os 15.437 alcançados em 2021.
Depois, comparativamente, em segundo lugar na estrutura dos sectores de actividade que mais contribuem com impostos ligados à Economia do Mar surge o sector associado aos Portos, transporte e logística que, em 2023, contribuiu com 9.626 milhões de ECV para o VAB da Economia do Mar e, em 2022, com 9.085 milhões de escudos.
A fechar o top 3 dos impostos cobrados na Economia do Mar vem o sector de actividade ligado à Pesca e aquacultura, transformação e comercialização dos seus produtos. Sector este que como se sabe, lidera as exportações de Cabo Verde. Em 2023 o seu contributo para o VAB foi de 9.000 milhões de ECV, um pouco mais que os 8.636 atingidos em 2022.
Em termos de produção da Economia do Mar, o relatório mostra que a mesma atingiu os 89.903 milhões de ECV, representando 23,8% da produção na economia nacional, que foi de 377.715 milhões de ECV.
Remunerações associadas à Economia do Mar representam 16,1% do total nacional
Já no que diz respeito às remunerações associadas à Economia do Mar, a Conta Satélite do Mar evidencia, igualmente, uma evolução positiva, passando de 14,8% em 2022, para 16,1% do total nacional em 2023 (que foi de 89.080 milhões de ECV). Traduzido em valores, as remunerações da Economia do Mar atingiram os 14.300 milhões de ECV, em 2023, um pequeno aumento face a 2022 onde chegaram a alcançar os 12.652 milhões de ECV.
No que toca à análise sobre o Número de Pessoal ao Serviço (NPS) na Economia do Mar, os oito sectores de actividade afectos representavam 19,5% do total nacional em 2023, refletindo um aumento de 2,3 p.p. em relação ao ano anterior.
Ou seja, dos 204.083 mil empregos gerados pela economia nacional em 2023, a Economia do Mar representava 39.878.
Mais uma vez Recreio, desporto, cultura e turismo é o sector que mais empregos gera, com 18.195 pessoas em 2023 e 14.913 em 2022.
Depois vem o sector da Pesca e aquacultura, transformação e comercialização dos seus produtos que gerou 13.226 empregos em 2023 e 13.084 em 2022. Em terceiro lugar surge o sector dos Portos, transporte e logística, com 4.125 empregos gerados em 2023 e 4.042 em 2021.
O projecto de produção da Conta Satélite do Mar contou com o financiamento da Cooperação Espanhola e teve o apoio técnico do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INEPT) e do Instituto Canário de Estatísticas (ISTAC).
Publicado na Edição 949 do Jornal A Nação, de 06 de Novembro de 2025



