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Sociedade

Kriol Campus capacita crianças para tirar melhor proveito das novas tecnologias

O Kriol Campus (KC) foi criado pela KMindz, uma agência digital dedicada à área das novas tecnologias, fundada por três jovens cabo-verdianos e liderada por Luís Frederico. O KC procura promover o contacto dos mais jovens, com idade compreendida entre os 7 e 17 anos, com as novas tecnologias, usando uma abordagem divertida e inovadora. A ideia é projectar futuros líderes digitais para competirem no mercado internacional.
O KC teve a sua primeira edição em 2016 e, no verão deste ano, vai ter lugar a sua terceira edição. É um espaço onde crianças, devidamente orientadas por monitores, exploram todo o seu potencial criativo nas áreas de programação, robótica, Web design e games, sempre numa base pedagógica e lúdica que propicie o desenvolvimento da sua criatividade e das suas capacidades cognitivas.
O KC está inserido num projecto da Kmindz, intitulado “African Digital Leadership” (ADL). A ideia é dotar crianças africanas de capacidades e “know-how” a nível de montagem de computadores e programação (criação de aplicativos e jogos). Com isso, poderão competir, de igual para igual, com colegas de outras paragens que, como se sabe, tendem a ter esse contacto desde muito cedo.
A ideia de começar o projecto em Cabo Verde, de acordo com o promotor Luís Frederico, não foi só porque é uma “coisa bonita” para as crianças, mas foi pensando numa visão muito mais abrangente. “Temos uma população muito jovem e o desemprego nesta camada é enorme. Precisamos de jovens capacitados para poderem participar na economia digital. Então, porquê não ensinar-lhes desde cedo a utilizar as ferramentas tecnológicas, em vez de irmos buscar jovens na Europa, América e outros pontos”, diz o jovem formado em engenharia Física e que residia na Bélgica.
Por isso, no dizer de luís Frederico, a ideia é capacitar os jovens para, no futuro, criarem as soluções novas que ainda não conhecemos. São novos tipos de emprego e talentos que são exigidos, como nas áreas de robótica, ciência de dados, entre outras. Não são só talentos a nível técnico, mas também talentos a nível de como trabalhar em equipa, como ser criativo, como conectar diferentes áreas, uso de design, como resolver problemas… Kriol Campus foi o projeto-piloto e uma das iniciativas da KMindz.
“É um projecto de médio-longo prazo. Eu e mais dois colegas iniciamos este projecto, com o firme propósito de que o engajamento tem de durar pelo menos 10 anos, porque não vamos ter retorno agora”, admite Luís Frederico.
Tirar melhor proveito
Se um dos pressupostos da KC é proporcionar o desenvolvimento de habilidades tecnológicas em crianças, despertando o interesse para novas aplicações, de forma divertida, responsável e segura, o primeiro passo passa por prepará-las, desde cedo, para que possam tirar o maior proveito da relação “precoce” com a tecnologia, sem por em causa o desenvolvimento cognitivo e comportamental.
Durante a KC, ensina-se introdução a programação, robótica, arduino, que é a parte electrónica, vídeos de animação, criação de videojogos, fotografia digital e, entre outros, como realizar documentários. “Isso é inovador porque, mesmo nos países desenvolvidos nestas áreas, não há uma iniciativa deste tipo que abrange todas estas áreas. Tem havido uma boa participação”, garante o nosso interlocutor.
Nas duas primeiras edições, o Kriol Campus abrangeu, no total, cerca de 30 crianças, dos 7 aos 17 anos. Durante duas semanas, elas têm a oportunidade de saberem como as universidades funcionam e a possibilidade de visitarem os laboratórios.
No entanto, a forma de ensino no Kriol Campus é diferente das escolas e universidades, porque há que cativar as crianças e mostrá-las que esta área é “importante”. “O primeiro passo é ganhar o gosto pela área. Ganhando o gosto, podemos indo trabalhando e introduzindo outros conceitos mais avançados, de uma forma sempre divertida”.
Outras iniciativas
Luís Frederico explica que o Kriol Campus é o projecto piloto para testar se o mercado está maduro e crescido. “Tem sido um sucesso”, garante. Mas, dentro da KMindz há outras iniciativas que vão sendo concretizados. Para já, está-se numa etapa de projectar os jovens que estão a passar pela KC para uma próxima fase em que possam estar numa competição internacional, mais especificamente no mercado africano, onde já conseguem ser líderes digitais e futuros programadores. “No fundo, estamos a prepará-los para um futuro que eles nem sabem que lhes espera”, afirma o promotor.
Para dar continuidade ao projecto, a próxima edição do KC acontece já no próximo verão. Das novidades destacam-se a abertura de uma Escola de Programação e a criação de uma academia para séniores. “Também queremos realizar um campus só para raparigas, porque tem havido uma maior participação das meninas. Em grupo elas trabalham e interagem melhor”, revela.
Luís Frederico lembra que não se quer formar apenas programadores, mas pessoas que sejam capazes de resolver problemas de uma forma inovadora, em qualquer área. “Cabo Verde tem um futuro promissor nesta área. Temos muitos jovens que precisam ser devidamente capacitados”, afirma.
O KC começou em Santiago, mas, em parceria com o Instituto Pedro Pires, este projecto já esteve na ilha do Fogo. Agora, a pretensão é realizar a terceira edição também nas ilhas do Sal e de São Vicente.
ACN

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