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Economia

Lavagem de capitais: Investidores russos à procura do paradeiro da AGAM

A primeira mensagem de pedido de ajuda veio em russo, depois em português, a pedirem ao jornal, encarecidamente, “informações” sobre a Atlantic Global Asset Management, de Aleksey Mukhin.

“Nós, investidores desta companhia, não temos informações sobre ela desde Agosto do ano 2017. Ajudem-nos por favor na informação da actual localização da empresa. Nós pedimos a vossa redacção deslindar a situação com a companhia AGAM. Somos no total 630.000 pessoas na companhia em 80 países do mundo”, diz uma das mensagens.

Na semana passada, este jornal recebeu mais mensagens de alegados investidores russos. De novo, a pedir ajuda no sentido de localizar o paradeiro dos gestores da AGAM, que terão saído de Cabo Verde logo depois da decisão do Tribunal Constitucional que mandou desbloquear cerca de três milhões de euros que tinham sido congelados pela Procuradoria da Comarca da Praia.

“Depois de um ano de reestruturação, os investidores de todo o mundo não têm tido qualquer informação da empresa que se remeteu ao silêncio”, diz uma das mensagens dos alegados investidores, que dizem estar à espera por notícias da empresa.

Face a esses pedidos de esclarecimento, A NAÇÃO contactou o procurador Patrício Varela, titular da instrução no sentido obter mais informações sobre o andamento desse processo. Este, porém, disse que só poderia falar com a autorização do Procurador Geral da República (PGR).

Contactado no sentido de conceder a referida autorização, o PGR, Óscar Tavares, disse que “o processo se encontra na fase de instrução” e que por esta razão, “não é possível conceder a autorização ao magistrado titular da instrução”.

Entretanto, para além de burlar os alegados investidores, A NAÇÃO  sabe que os administradores da AGAM deixaram algumas dívidas por saldar em Cabo Verde, entre os quais ao BAI Center, onde tinham a sede da empresa.

A Atlantic Global Asset Management (AGAM) pertence a um grupo promotor de investimentos internacionais,  que funciona há vários anos em diversos países do mundo, baseado no crowdfunding, no crowdconsulting e no marketing multinível. A AGAM instalou-se em Cabo Verde, em Agosto de 2016, com o objectivo de aproveitar  as potencialidades do país, que pretende ser uma plataforma de investimentos em África, com a proveniência de fundos de diferentes partes do mundo.

Um dos propósitos da AGAM, como foi escrito no A NAÇÃO de 26 de Janeiro passado, passava pela compra da TACV. Aleksey Mukhin, que parecia ser o porta-voz da companhia, revelou então que tinha apresentado ao Governo, em Junho de 2016, uma proposta para a compra da TACV  e que tinha também propostas de negócios para o sector de transportes marítimos, entre outros.

Entretanto, em Junho de 2017, o Banco de Cabo Verde (BCV) emitia um comunicado informando ao público em geral que a sociedade AGAM, com sede no edifício BAI Center, na cidade da Praia, “não está autorizada pelo Banco de Cabo Verde a prestar qualquer tipo de actividade financeira e, consequentemente, não possui nenhum registo no Banco Central”.

As contas da AGAM, com mais de três milhões de euros, foram congeladas em Junho de 2017 pela Procuradoria que considerou que “da análise financeira efectuada às operações nas usa contas bancárias, resultaram fundadas razões para crer que as avultadas quantias em dinheiro movimentadas tenham origem ilícita, designadamente, porque são incompatíveis com o exercício das actividades de rendimento declaradas, razão pela qual indiciam fortes que se tratam de quantias destinadas à lavagem de capitais”.

Contudo, em Março do ano passado, o Tribunal Constitucional mandava descongelar as contas da AGAM, que estiveram mais de nove meses bloqueadas, por ordem do Ministério Público. Desde então Aleksey Mukhin desapareceu do mapa. 

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