PUB

Praia

Praia: Escola Vivarte, em Pensamento, atacada por crianças e adolescentes com pedras e garrafas

A escola comunitária de artes Vivarte, no Pensamento, foi atacada na noite de segunda-feira, 28, por um grupo de crianças e adolescentes, com “pedradas e garrafadas”. O acto, segundo o responsável da mesma, Isaías Tavares, terá durado mais de duas horas. Chamada, a Polícia Nacional nunca apareceu. Um dos professores acabou ferido.

Como descreve Isaías Tavares, a noite de segunda-feira, 28, foi um autêntico terror, na escola Vivarte, em Pensamento, bairro da cidade da Praia. O mesmo conta que por volta das 19h30, quando estavam no interior da escola 13 alunos de dança, um professor de dança e um de bateria, a preparar para uma performance no dia seguinte, foram surpreendidos por pedradas e garrafadas tendo como alvo a Escola.

Como resultado, portas e janelas foram quebradas ou sofreram danos, cadeiras também foram danificadas, estilhaços de vidro ocupam ainda o espaço exterior da escola, sem falar no clima de terror e incapacidade que ficou entre os seus frequentadores.

Isaías diz que os “atacantes” foram crianças e adolescentes da zona vizinha da Calabaceira, com idades entre os 11 e 16 anos, e alguns são conhecidos, visto que não é a primeira vez que a escola sofre um ataque do tipo.

“O acto foi alternado, passavam, atiravam pedras e garrafas, fugiam e depois voltavam, isso das 19h30 às 21h. Chamamos a polícia que não apareceu. Insistimos em ficar e ensaiar por causa de uma apresentação que tínhamos no dia seguinte, mas acabamos por não conseguir ensaiar como se deve”, explica, por seu turno, o professor de dança João Tavares “Jaka”.

Segundo Isaías, essa não foi a primeira vez que a escola é atacada e que num dos ataques elementos da escola juntamente com a Polícia Nacional identificaram os infractores, foram à casa dos seus pais e responsáveis de educação para “conversar”, mas “não deu em nada”.

Professor atingido na cabeça

Voltando ao episódio de segunda-feira, o professor João “Jaka” resolveu sair para tentar dialogar com os jovens e acabou por ser atingido na cabeça com uma pedra, felizmente sem gravidade, tendo voltado ao interior da escola e chamado a Polícia Nacional “que não apareceu”.

“A dada altura saí, tentei falar com eles e depois afugentá-los, mas fui apedrejado, uma pedras ricocheteou na parede e bateu no meu rosto, na zona da fronte, mas felizmente não tinha força suficiente e só ficou um bocadinho roxo”, diz.

Os alunos e os dois professores acabaram por ficar no interior da escola até quase 21h, quando o grupo parou com o acto e correu em direcção à zona da Calabaceira.

Polícia não apareceu

Segundo Jaka, ligaram à Polícia Nacional e quase uma hora após a chamada nenhuma viatura chegou ao lugar para socorrê-los.

Isaías Tavares, Presidente da Escola de Artes Vivarte

Isaías Tavares avançou, por seu turno, que foi até à Esquadra Policial de Eugénio Lima para saber o porquê da não comparência e foi-lhe informado que houve nessa noite “várias diligências”, justificando-se assim a não deslocação do piquete da PN ao local.

Sem segurança, escola fechar

De acordo com o presidente da Vivarte, se a segurança da zona não foi garantida “existe a possibilidade” de a escola ser fechada, já que nem os pais e encarregados de educação das crianças nem os próprios professores conseguem garantir a segurança das crianças no local.

“Queremos o apoio das autoridades e da população, para podermos continuar a ajudar essas crianças e jovens e desviar-lhes da criminalidade e outros males sociais, através da arte e não só”, termina.

Isaías Tavares explica ainda que, há cerca de dois meses, a biblioteca da Vivarte tem servido como EBI de Pensamento, com aulas de manhã e à tarde, já que a infraestrutura da EBI da zona está em obras de remodelação. Sendo assim, diz ser “imprescindível” ter segurança no local.

Sobre a Escola Vivarte

A Vivarte – Escola de Artes e Associação de mesmo nome, foi fundada em 2018, como réplica do projecto Escala Maior, existente em Eugénio Lima desde 2012. A mesma, como explica Isaías Tavares, surgiu após os resultados positivos conseguidos em Eugénio Lima e que quis fazer o mesmo em Pensamento.

Actualmente a Escola/Associação tem cinco professores nas áreas das artes, mais de 80 alunos, uma biblioteca comunitária e tem uma bolsa de acesso à cultura da BA-Cultura que permitiu adquirir vários instrumentos musicais, como baterias, violões e outros instrumentos.

Os professores da Vivarte fazem este trabalho social gratuito no período pós-laboral, como é o caso do seu presidente, Isaías Tavares, que é docente de físico-química.

O Instituto do Desporto e da Juventude (IDJ) também apoia a escola, como forma de solucionar e criar “maior acessibilidade” às associações juvenis para que possam realizar trabalhos que impactam directamente a vida nas suas comunidades.

Com esse apoio a Vivarte tem em curso aulas de informática gratuitas a 21 jovens da comunidade. Anteriormente, no primeiro edital, a escola beneficiou outros jovens com formação em criação de bijuterias e decoração de eventos.

A Vivarte também conta com uma parceira com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) que garante profissionais de educação no local, que apoiam as crianças e adolescentes com, por exemplo, explicações escolares.

PUB

Adicionar um comentário

Faça o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

PUB

PUB

To Top