Por: Francisco Fragoso*
Em jeito de EXÓRDIO:
O vocábulo/sintagma FOLCLORE, na sua essência primordial
é de origem saxónica e de formação recente!
Foi empregue pela primeira vez em Inglaterra, no jornal The Athernaeum, de 22/08/1846. Considerado como um capítulo da Etnografia: estuda principalmente as tradições populares, ou seja: superstições, lendas, canções, adágios, jogos, festas, medicina popular, etc.
Segundo a Folk-Lore Society, o folclore ocupa na história de um povo: papel idêntico ao da lei não escrita em relação as leis codificadas, podendo-se, por conseguinte, definir como história não escrita. Pode-se asseverar que o folclore engloba toda a “cultura” de um povo não assinalada na sua religião ou na sua história.
Segundo a mesma sociedade, o folclore é representado por costumes, superstições associadas a animais, flores, árvores, objetos locais e acontecimentos da vida humana! Compreende outrossim: a feitiçaria e bruxaria relacionada com os mortos e espíritos, baladas, provérbios, nomes populares e acidentes coreográficos.
§§
– – – FOLKLORE: in modern usage, an academic discipline the
subject matter of which (also called folklore) comprises the sum
total of traditionally derived and orally or imitatively transmitted literature, material culture, and custom of subcultures within predominantly literate and technologically advanced societies; comparable study among wholly or mainly nonliterate societies belongs to the disciplines of ethnology and anthropology. In popular usage, the term folklore is sometimes restricted to the oral literature tradition.
Folklore studies began in the early 19th century!
Passemos então ao Húmus de fundo deste Estudo:
O folclore como disciplina nasceu na aurora do século XIX!
Com efeito: enquanto na maioria dos países de Europa, a reflexão folclórica foi preparada por um movimento de ideias vinculado ao pré-romantismo e oposto ao espírito das Luzes: surgiu, bruscamente em França com a fundação, em 1804 de uma Sociedade erudita, a Academia Céltica, que outorgou para projeto: recolher os usos, as tradições, os dialetos populares os patoás, os “monumentos”.
Graças aos textos que ela (a Academia) publicou, pode-se compreender as razões da emergência da reflexão folclórica na Europa nesta época. A reflexão etnológica nasceu, quanto a ela, desde o século XVI, como corolário do choque afetivo e intelectual provocado pela descoberta do Novo Mundo. A Etnologia pôde, desde então, desenvolver-se por causa da distância espacial que se interpunha entre o observador e o campo das suas observações!
De anotar, antes de mais, que as tradições populares, que até ao fim do século XVIII, eram consideradas como superstições pelos teólogos e como aberrações do espírito humano pelos humanistas, transformaram-se um objeto digno de interesse à condição que fossem afastadas nunca no espaço, sim, efetivamente no tempo. Elevadas ao número de vestígios de uma antiguidade nacional, passam, então a ser observadas, simultaneamente, como dignas do maior respeito e como desprovidas de um sentido interno, pois que esse desvaneceu com o desaparecimento do sistema social e religioso do qual faziam parte.
Vale a pena, sublinhar, com ênfase:
Que “Das superstições sobrevivências”, este a priori pesou sobremaneira na história do folclore como disciplina, uma disciplina que se elaborou sobre as bases (em parte), científicas (em parte), ideológicas. Em contrapartida, o próprio conteúdo do folclore, na sua realidade atual, é de natureza mítica, não que constitua uma mitologia organizada em sistema, sim, antes uma matéria-prima mítica com a qual pode-se criar formas diversas e funções múltiplas: crenças, práticas, rituais, contos, lendas, etc.
E, à modo de Fecho/Remate/Epílogo assertivo:
É neste sentido que necessário se afigura compreender o conteúdo de verdade que carreia, em substância o Termo/Expressão proposto em 1846 pelo escritor, antiquário & folclorista o Inglês William John THOMS (1803-1885) folk-lore, “sabedoria do povo”, entretanto entendido como um saber de natureza mítica (amplamente oriundo) do inconsciente!
*Médico & Humanista
BROCKTON/BOSTON ABRIL 2025
