A Direção do Agrupamento I da Praia afirma ter registado melhorias significativas no comportamento e no desempenho escolar dos alunos, após a implementação da medida que proíbe o uso de telemóveis até ao 9º ano de escolaridade. A decisão, posta em prática no terceiro trimestre do ano letivo passado, tem sido considerada positiva por toda a comunidade educativa.
Em entrevista recente à Rádio Educativa, a diretora do agrupamento, Ângela Varela Tavares, explicou que, antes da proibição, muitos dos casos analisados pelo Conselho Disciplinar estavam relacionados com o mau uso dos telemóveis dentro da escola.
“É para evitar brigas, desentendimentos entre os alunos. Desde que implementámos a medida, não tivemos mais casos de roubos de telemóveis, nem de filmagens indevidas dentro da escola, nem situações de bullying ligadas ao uso do dispositivo”, assegurou.
Além da melhoria no ambiente escolar, a diretora destacou que os alunos estão mais concentrados e participativos nas aulas.
“Já não temos queixas de alunos a assistir a filmes pornográficos, a praticar jogos sexuais ou a ouvir música durante a explicação dos professores. Essa distração deixou de existir”, frisou, acrescentando que a decisão foi inicialmente recebida com alguma resistência por parte dos alunos, mas hoje é amplamente compreendida e aceite.
Tecnologia é bem vinda
Ângela Varela fez questão de salientar que a medida não é contra a tecnologia, mas sim contra o uso indevido do telemóvel.
“Seria incoerente ir contra a inovação tecnológica, tendo em conta que a nossa escola tem vindo a desenvolver vários projetos nessa área”, disse.
Segundo a responsável, a escola tem disponibilizado diversas ferramentas tecnológicas para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem, incluindo telemóveis institucionais, tablets, portáteis e computadores.
“Só no mês passado, recebemos 19 portáteis de uma associação americana composta por filhos de pais cabo-verdianos, além de impressoras e monitores. Os alunos têm todas as condições necessárias para não trazerem telemóveis de casa e assim evitarem constrangimentos”.
Estender proibição
A medida, por enquanto, abrange apenas os alunos do 1º ao 9º ano, mas a Direção está a avaliar a possibilidade de estender a proibição aos estudantes do ensino secundário (10º, 11º e 12º anos). Neste nível, a principal preocupação relatada pelos professores é o uso de ferramentas de inteligência artificial na realização de trabalhos escolares.
Sobre este desafio, a Direção está a trabalhar em parceria com entidades como a Agência Reguladora Multissectorial da Economia (ARME) e a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), com o objetivo de educar os alunos para um uso responsável e ético da inteligência artificial no contexto educativo.
Adelise Furtado
*Estagiária
