O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, enviou uma mensagem aos Chefes de Estado e de Governo dos países membros da União Africana, esta quinta-feira, no âmbito do Dia de África (celebrado no passado dia 25) destacando o património natural e cultural como instrumento essencial para a construção da paz e o desenvolvimento sustentável no continente.
Na sua qualidade de Champion da União Africana para a Preservação do Património Natural e Cultural, o chefe de Estado defendeu que a paz em África “não se decreta, constrói-se”, e ressaltou que essa construção deve partir do quotidiano das comunidades, a partir do património comum que une os povos africanos.
“A África é o berço da humanidade e sua memória viva, guardiã de saberes antigos e lugar de coexistência sagrada entre o ser humano e a natureza. São estas matrizes de sabedoria que nos unem e nos podem conduzir,hoje, a uma paz enraizada e transformadora”, afirmou José Maria Neves, destacando ainda que o património está ameaçado pela exploração predatória dos recursos naturais e pela perda cultural acelerada.
O mais alto magistrado da Nação citou iniciativas simbólicas que exemplificam o poder do património para promover a reconciliação e o desenvolvimento, como a Grande Muralha Verde, que já restaurou 20 milhões de hectares e criou milhares de empregos, o Parque Transfronteiriço do Limpopo e o regresso dos tesouros reais de Abomey ao Benim.
Acções concretas
Para avançar nesta visão, Neves propôs um conjunto de ações concretas aos seus pares africanos, entre elas a adoção de uma Carta Africana do Património Natural e Cultural, com a destinação de 1% dos orçamentos nacionais para a preservação, a criação de um Fundo Africano para os Oceanos, e o reforço do Fundo Africano do Património Mundial com recursos provenientes do turismo e das indústrias extrativas.
Além disso, defendeu a criação de uma Rede Africana de Guardiões do Património, a mobilização da juventude e o uso da inteligência artificial para fortalecer a proteção ambiental, citando iniciativas inovadoras já em curso em países como Quênia e Nigéria.
O chefe de Estado concluiu sua mensagem com um apelo à coragem para proteger o que África é e tem, lembrando que a verdadeira riqueza se mede na harmonia entre povos, cultura e natureza, “a paz em África depende da nossa coragem para proteger o que somos e o que temos”.
Adelise Furtado
*Estagiária
