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Política

Coordenador da UASE sob suspeita de corrupção e favorecimento pessoal

O coordenador da Unidade de Acompanhamento do Setor Empresarial do Estado (UASE), Sandeney Fernandes, está a ser investigado por conduta imprópria, isto é, favorecimentos pessoais e tráfico de influências, no exercício do cargo público. Na passada sexta-feira, 23, foram realizadas buscas na sede da UASE, no Platô, e também na residência do visado, que, diante do sucedido, terá apresentado o seu pedido de demissão ao ministro Olavo Correia.

Há já algum tempo que têm corrido informações acerca da conduta pouco ortodoxa de Sandeney Fernandes, no cargo desde há cerca de cinco anos. Fontes internas do Ministério das Finanças, tutela da UASE, avançam que existem fortes suspeitas de que esse jovem quadro, mestre em economia pela Faculdade de Economia e Gestão da Universidade do Porto (FEP) em 2014, terá utilizado o cargo para negociar ou favorecer empregos e promover nomeações com base em critérios pessoais e de proximidade. Os exemplos são vários, a começar por gente do seu próprio círculo pessoal e familiar.

“Amigo ou não…”

Nossas fontes alegam ainda que o gestor da UASE, importante organismo do Coordenador da UASE sob suspeita de corrupção e favorecimento pessoal do Estado, que lida com a privatização, usava expressões como “amigo ou não, homi ou mudjer, tudo é troca”, afirmando poder influenciar directamente decisões do, por exemplo, secretário de Estado das Finanças, Alcindo Mota, seu alegado amigo muito próximo.

Tal descrição culminou agora com o avanço de uma investigação criminal, tornada público esta semana, com buscas pela Polícia Judiciária no gabinete e na residência do visado na passada sexta- -feira. Por causa da operação, foi montado um forte aparato policial, com agentes armados, no Platô, que acabou por causar constrangimentos ao trânsito.

Oficialmente, o Ministério Público está a investigar Sandeney Fernandes por suspeitas de corrupção e conflito de interesses, isto na sequência de um relatório da Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários (AGMVM), entidade que supervisiona o sector financeiro em Cabo Verde, nomeadamente os bancos e a Bolsa de Valores.

Compra de acções

O documento aponta indícios de irregularidades na aquisição de acções da Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), em que Fernandes teria actuado, ao mesmo tempo, como comprador e representante do Estado, o que a ser verdade configura-se com uma actuação em benefício próprio, conduta esta proibida a agentes públicos. De acordo com a lei, enquanto gestor público, não pode sequer deter qualquer tipo de acção em empresas de algum modo relacionadas com o cargo que ocupa.

Na operação da sexta-feira passada, 23, tanto na sede da UASE, no Platô, como na residência do visado, terão sido apreendidos documentos e equipamentos de trabalho, na mira certamente das provas sobre as suspeitas que agora pairam sobre Sandeney Fernandes.

Segundo apurou A NAÇÃO, na sequência das referidas buscas e outros sinais, Fernandes terá apresentado o seu pedido de demissão, embora o mesmo ainda não tenha sido oficialmente confirmado pelo ministro das Finanças, Olavo Correia, sua tutela política. Contudo, de acordo com uma fonte muito bem posicionada, o Ministério das Finanças vai tomar as medidas que se impõem, por considerar que, mesmo que legalmente possa ser possível, a operação deveria ser evitada, afastando assim qualquer tipo de suspeição.

Este caso poderá, entretanto, apresentar alguma complexidade, dada a rede de gente beneficiada por Sandeney Fernandes nos anos em que coordenou a UASE.

Silêncio de Sandeney

Contactado por este jornal, o visado recusou-se a comentar as suspeitas que pairam sobre ele neste momento. “Já percebi o filme e, claramente, não vou falar”, disse, encerrando a chamada.

Geremias S. Furtado

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