O grupo Sizal, referência na actual música tradicional cabo-verdiana, celebra um ano do álbum “Kamin di Prata” com um “short film” sobre a nossa emigração. O trabalho rendeu ao grupo mindelense uma nomeação nos CVMA. A pré-estreia acontece no Bombu Mininu, em 1 de Junho, cidade do Mindelo, às 19h, e o lançamento nas plataformas será no dia 4.
A jornada do grupo Sizal é um resgate da história e um tributo à resistência cabo-verdiana. Em um ano de existência, a banda conquistou uma nomeação nos Cabo Verde Music Awards (CVMA) com o álbum “Kamin di Prata” e lançou um “short film” que explora a travessia dos emigrantes cabo-verdianos na conquista do seu lugar no mundo. Em entrevista ao A NAÇÃO, os membros do grupo compartilham suas motivações, desafios e expectativas para o futuro.
O nascimento de “Kamin di Prata”
Para Liriel Delgado, “Kamin di Prata” não é apenas um conjunto de músicas, “mas uma peça que conta uma história colectiva”.
Uma opinião partilhada por Roberto Roque: “Muitos cabo-verdianos foram levados para a chamada ‘Terra Lonji’ com a esperança de uma vida melhor, mas encontraram dificuldades inimagináveis. Queríamos que esse álbum fosse um tributo à luta e à resiliência do nosso povo”.
A produção exigiu um olhar cuidadoso para a narrativa do álbum, como destaca um outro membro da banda: “Desde o início, não queríamos apenas um conjunto de músicas soltas. Queríamos criar um álbum em que todas as faixas dialogassem entre si, construindo um percurso sonoro e emocional”. Esse conceito estruturado tornou a composição e a produção um desafio, mas também um diferencial que elevou o impacto da obra.
CVMA e a força do público
A indicação aos CVMA deste ano foi recebida com enorme satisfação. “Mais do que um prémio, o CVMA é uma plataforma que nos conecta ao público, que amplia o alcance do nosso trabalho e nos permite mostrar o que a nova geração de músicos cabo-verdianos tem a oferecer”, destaca Rayan Helal, integrante também do grupo.
O reconhecimento, segundo os integrantes da banda mindelense, é um reflexo do carinho e da receptividade dos fãs, que se identificaram com a mensagem profunda do álbum.
A ideia de transformar “Kamin di Prata” em um produto audiovisual surgiu da parceria com Reginaldo Cruz, realizador da RZR Films. “Ele ouviu o álbum e nos trouxe a sugestão de expandir a obra para um formato visual. A faixa que dá nome ao disco já tinha um peso simbólico muito forte, e o filme nos permitiu explorar essa narrativa de maneira ainda mais profunda”, revela Edénio Fonseca.
O processo de produção foi marcado por desafios logísticos, desde figurinos e cenografia, até a coordenação dos figurantes. “Queríamos que cada imagem falasse por si só, que cada movimento e cada textura no filme traduzisse a dor e a esperança daqueles que atravessam o oceano”, explica Cruz. O resultado é um curta-metragem que une metáforas visuais e uma estética experimental para contar uma história que muitos cabo-verdianos conhecem bem.
Impacto e expansão do projecto
Ao lançar o filme, Sizal espera provocar reflexões profundas. “Queremos que as pessoas, principalmente os jovens, sintam e compreendam essa história. Saber de onde viemos muda a forma como encaramos o presente e nos posicionamos para o futuro”, destaca o grupo.
Para garantir a visibilidade do projecto, a banda aposta nas redes sociais e em estratégias digitais. “Vivemos na era da conectividade, e usar plataformas como Instagram, TikTok e Facebook é essencial para alcançar um público maior,” afirma um dos músicos.
A divulgação não se limita apenas ao vídeo; conteúdos de bastidores e depoimentos também fazem parte da estratégia para engajar o público.
Com a pré-estreia marcada para 1 de Junho no Bombu Mininu e o lançamento oficial no dia 4, Sizal não apenas celebra um marco em sua trajetória, mas convida todos a participarem desse movimento. “A música e a arte têm esse poder de conectar, de emocionar e de preservar nossa identidade”, conclui um dos membros do Sizal.
E para os fãs que acompanham o percurso do grupo? A mensagem é clara: “O vosso apoio e energia são o que nos move. Ainda há muito som, alma e força para partilhar convosco”, diz o grupo.
João do Rosário
