Apesar do atraso de mais de duas horas no arranque da Gala, os CVMA 2025 ficaram marcados para a história do evento que comemorou os 5o anos da Independência com várias actuações icónicas, uma homenagem sentida e emocionante aos Bulimundo na presença de Zeca Nha Reinalda e, naturalmente, pela premiação da música de Cabo Verde. Nancy Vieira, com o seu álbum Gente e Hélio Batalha em featuring com Paulinha, na música Só Deus, acabaram por ser os artistas que mais galardões levaram para casa. A gala da 14.ª edição dos Cabo Verde Music Awards (CVMA) aconteceu este sábado, 7 de junho, no Porto da Praia, e estendeu-se até cerca das 3h30 da madrugada.
Apesar de ter sido uma noite longa, marcada por problemas técnicos que condicionaram o arranque da festa, a Gala foi marcada por várias emoções, homenagens e múltiplas actuações por ser uma gala com destaque para os 50 anos de Independência de Cabo Verde. Nancy Vieira foi a grande vencedora da noite, conquistando todos os prémios nos quais estava nomeada, ou seja, quatro.
Conforme avança o site Balai, Hélio Batalha, que liderava a lista este ano com cinco nomeações, também se destacou ao vencer em três categorias, em parceria com Paulinha, na música Só Deus, e ainda levou para casa o Prémio de Responsabilidade Social. Já o cantor Dieg conquistou dois dos quatro galardões a que estava nomeado.
Mais de duas horas de atraso devido a problemas técnicos
Com mais de duas horas de atraso devido a uma falha técnica relacionada com a banda, a gala dos CVMA que estava prevista às 21h00, arrancou por volta das 23h30, com a atuação dos grupos, Raiz di Polon, Mon na Roda, entre outros, homenageando os combatentes da Independência nacional.
Segundo a mesma fonte, a abertura do evento ficou também marcada com a atuação inusitada da cantora Lura, que interpretou o hino nacional em cima de um dos contentores do Porto da Praia, trajada com a bandeira do arquipélago. O público ficou de pé para aplaudir esta atuação.
Os prémios
O primeiro prémio da noite foi atribuído para o artista Dieg, na categoria Outros Ritmos do Ano, com o tema “Aldina”. “É um prazer estar aqui e a inaugurar os prémios desta noite só tenho que agradecer”, afirmou.
Faltando alguns minutos para o término da gala o artista foi prestigiado com mais um galardão na categoria Intérprete Masculino do Ano, com a mesma música.
O grande destaque da noite das premiações foi para a cantora Nancy Vieira, conquistando quatro prémios, nas categorias, Música Tradicional do Ano, com o tema “Praia Maria”, Morna do Ano, com a música “Dona Morna”, Melhor Intérprete Feminino do Ano, com “Sol Di Nha Vida” e o último com o tema “Gente” na categoria Álbum do Ano. A mesma fez-se acompanhar na gala pela filha.
Geração 75
Para além de conquistar estas premiações, Nancy Vieira foi uma das convidadas do colectivo Geração 75, ao lado dos artistas Nelson Freitas e Lura, formando um trio musical que nasceu no mesmo ano da Independência.
Os três apresentaram um medley com “temas históricos” no palco dos CVMA, cantando músicas uns dos outros, com destaque para a Lura que cantou Bo Tem Mel. A atuação do colectivo encantou o público.
Após a atuação, o ministério da Cultura prestigiou os três com galardões em forma de agradecimento pelas suas contribuições para a música nacional.
“Só Deus” é Música do Ano
Para além de Nancy Vieira, o rapper Hélio Batalha foi uma das atrações da noite. O artista liderava a lista das categorias com cinco nomeações, entre as quais levou para casa três galardões, todos com a música “Só Deus”, em parceria com a cantora Paulinha, que também marcou presença e com quem Hélio cantou a música no palco dos CVMA. A música venceu primeiro a Melhor Colaboração do Ano e ao receber o prémio agradeceu a distinção.
Em seguida o tema conquistou a categoria Hip Hop do Ano, em que o rapper definiu este ritmo não só como uma arte, mas destacou o papel por trás deste género, trazendo mudanças para a sociedade. E por último o tema consagrou-se como Música do Ano, com todos os artistas a cantar e dançar em cima do palco com Hélio e Paulinha.
Depois, com três nomeações, o tema “Nu Ka Sta Para” de Neyna e MC Acondize, venceu um dos prémios mais aguardados da noite, a Música Popular do Ano, com votação exclusiva do público.
A categoria Coladeira do Ano foi para Fábio Ramos, com o tema “Onde Kes Bai”, marcando a sua estreia nos CVMA.
O veterano dos CVMA, Batchart conquistou este ano o prémio na categoria VideoClipe do Ano, com a música “Tet”.
Este ano a organização inaugurou uma nova categoria, Batuku do Ano, tendo os grupos, Freirianas Guerreiras e Flor de Esperança, com a música “Amizadi Na Nota”, a estrear este prémio.
Rislene Semedo, Artista Revelação do Ano
Com a música “Dignidade”, a artista residente em França Rislene Semedo conquistou outro dos prémios mais aguardados da noite, “Artista Revelação”.
Já a Categoria Kotxi Pó do Ano foi para Milito Freire, com o tema “Carina de Landa”. Já o melhor Afrobeat/ Afrohouse do Ano foi para o veterano Nelson Freitas, com a música “NightCrawler”.
Já Djodje, um dos mais nomeados ao longo dos 14 anos de CVMA, levou para casa o prémio do Kizomba do Ano, com o tema “Tentason”.
Para Artista em Palco do Ano, foi atribuído para CESF FOUR 4, que agradeceu e dedicou o prémio para a sua equipa e família. Já “Carne Salgado”, do grupo Ferro Gaita, levou o prémio de Funaná do Ano.
Bulimundo, os homenageados de 2025
Como já era sabido, Bulimundo foi o grupo escolhido este ano para receber o Prémio Carreira. Durante a homenagem em palco, apesar da saúde debilitada, Zeca di Nha Reinalda, emocionou o público, ao falar da sua tristeza por estar afastado dos palcos devido a problemas de saúde. O mesmo fez questão de cantar um trecho da música do grupo, deixando o público emocionado.
Para além dos Bulimundo, a organização homenageou o falecido saxofonista do grupo Tubarões, Totinho.
Convidados especiais
Apesar do atraso do evento, a noite ficou marcada pelas atuaçoẽs de vários artistas convidados entre eles Bluay, filho de pais cabo-verdianos nascido em Portugal, que conquistou o Prémio Revelação nos Prémios Play, naquele país e que pela primeira vez visitou as suas origens.
Bluay, que tem um problema de visão, trouxe consigo o seu pai, natural de Santiago e que há 52 anos não vinha a Cabo Verde.
Fattu Djakité, Kady, a moçambicana Selma Uamusse, e os portugueses Paulo Carvalho e Slow J foram outras das actuações da noite.
Durante a gala deste ano na cidade da Praia, foi avançado que São Vicente vai receber pela primeira vez a gala dos Cabo Verde Music Awards em 2026, no Terminal de Cruzeiros.
C/Balai
