Por: Francisco Fragoso*
Estudo Primeiro: “La société humaine, le monde, L’homme tout entier est dans l’aphabet … L’alphabet est une source.” Victor Hugo
Como nasceu este Alfabeto que, presentemente denominamos o Proto sinaíta e que originou os Alfabetos hebreu, fenício, grego e latino. Ou seja: todos os Alfabetos que estão na origem do Alfabeto que se utiliza, presentemente na maioria das línguas Ocidentais?
Mesmo se se pode mostrar a filiação entre o hieróglifo Egício e o Proto sinaíta, este último difere do primeiro por dois Elementos fundamentais:
— O proto Sinaíto não comporta sinais vocálicos (Leia-se: ausência de vogais);
— e os sinais não remetem às imagens, entretanto aos sons por acrofonia.
Sim, efetivamente, no Princípio era o TOURO!
Com efeito,
a primeira letra do Alfabeto Protos sinaíto desenha um touro!
Em acadiano o touro diz-se aleph e em hebreu aleph ou alouph!
E por que razão o Touro? Afigurava-se que tenha representado para os antigos a força e a energia em geral: A força motriz, força reprodutora, energia económica, doméstica, agrícola . . . Sem esta energia fundamental, a sociedade e o indivíduo permanecem bloqueados num estatismo imanente sem permuta e transformação!
Quem puxaria a charrua? Quem extrairia quantidades de água necessária à agricultura? Quem permitiria aos “veículos” se deslocar? Etc.
Esta energia primordial é destarte colocada no princípio de
Tudo! O Touro transforma-se, deste modo o sinal inaugural pelo qual vai principiar o que se denomina a Lei das leis:
Leia-se, com ênfase: O ALFABETO!
§§ O Paradoxo Icónico §§
Destarte o Alfabeto começa com o Touro!
Sigamos, então o destino deste animal (leia-se: deste aleph):
Que se transforma na evolução conducente do desenho à letra alfabética! Numa primeira fase, a imagem do touro representa o touro e unicamente: o touro! É um pictograma:
A imagem é completa: cabeça e corpo!
Num primeiro tempo,
o touro torna-se portador da ideia de força, vigor, energia: É um ideograma! As utilizações destes sinais, certamente asseveram que a representação completa do animal era fastidiosa e não necessariamente eficaz para a transmissão da Mensagem: força, vigor, energia, etc. Por esse motivo, assiste-se, no desenho, a uma redução: apenas a cabeça do touro é retida como sinal!
A parte que representa o todo: é uma metonímia! A passagem do pictograma ao ideograma, da “escrita das cousas” à escrita de ideia” segue um duplo movimento: diminuição da imagem e aumento do sentido carregado pela imagem:
Redução icónica e aumento semântico!
Em tempo oportuno:
Para alguns autores, este duplo movimento, invertido e paradoxal transporta o nome de “aumento icónico”. Entretanto, afigura-se mais adequado a expressão: o paradoxo icónico que sublinha melhor o duplo movimento invertido, a complicação cuzada da imagem e do sentido, do significante e do significado. Quanto mais a imagem perde a sua amplidão, mais se torna livre e aberta e ganha no seu poder de significar. A “diferença hermenêutica de um sinal”, diferencia entre o “querer dizer” do sinal e o seu “poder dizer”: é inversamente proporcional à precisão da relação imagem/realidade do sinal.
§§§ O destino de uma cabeça cornada §§§
A redução metonímica conserva apenas da imagem do touro as marcas mais características, a saber: a cabeça com os cornos.
A segunda do aleph é destarte marcada pela imagem seguinte
Segundo os textos que foram encontrados, existe pequenas variações desta imagem. Em alguns encontra-se um ponto que marca a presença do olho, em outros um traço que desenha a boca, em outros ainda a cabeça está vazia, sem nenhum traço nem ponto rodada para a direita ou para a esquerda. A terceira fase é devida a um processo mental complexo que culmina na rejeição, no interdito e na laminação da imagem!
E por que razão a imagem desaparece? Simplesmente por preocupação de facilidade e eficácia de escrita? Pareceria
que a passagem de uma forma imagem à uma forma não-imagem ou antes à uma forma traço-imagem seja consequente com o dom da Lei no Monte Sinai e do interdito da representação: a imagem torna-se impossível!
“Não farás imagem”: enunciado nos Dez Mandamentos conduz a uma revolução cultural que apaga a imagem e produz a invenção da letra como sinal, mais ou menos abstrato. A terceira fase, por conseguinte, prossegue o apagamento progressivo da imagem para apenas conservar traços essenciais. A cabeça transforma-se num simples traço sobre o qual assentam muito visíveis os cornos. Aí ainda, temos várias variantes. Os cornos são mais ou menos arredondados ou angulosos na base! A quarta fase é dupla! Consiste numa rotação da letra de 90opara a direita e, simultaneamente numa “intrusão” da cabeça nos cornos, da barra no interior do U ou do V. É, aliás, possível que esta intrusão faça parte da terceira fase:(?). As variações desta forma são muito numerosas. A “barra de cabeça” está mais ou menos enfiada nos cornos, mais ou menos alta ou baixa …
Enfim e, em suma:
É a reversão completa desta forma que outorgará o alfa em grego
e o A latino que herdou as escritas europeias ocidentais:
o A!
E, à guisa de recapitulação:
Do “A” derivado do ALEPH:
Nome: A é a primeira letra do vocábulo Aleph, que, nas línguas semíticas e em hebreu, significa touro ou boi.
Formas originais em proto sinaíto: touro, cabeça de touro, cornos de touro.
Formas clássicas do ALEPH em hebreu moderno e clássico: escrita quadrada — Escrita cursiva
Sentido originário: Energia primordial
Sentidos derivados: Força, ser, ser humano, ser vivo, homem, possibilidade, Começo.
Sentidos adquiridos e memorizados pela língua hebraica: boi, gado grosso, príncipe, ensinar, 1000
Valor numérico: 1
Letra ocidental correspondente: O Aleph torna-se Alpha em grego e o A das línguas europeias. A ideia do touro transmitiu-se até os nossos dias pela marca das cores que nunca despareceu na evolução da letra.
BROCKTON/BOSTON (USA)
Maio, 2025
*Médico & Humanista
