Com greve marcada para 27 de Junho, o Sindicato da Hotelaria, Comércio e Turismo e a Riu Hotels & Resorts sentaram-se à mesa e chegaram a acordo, com a empresa reconhecendo as reivindicações dos trabalhadores e evitando a paralisação. O encontro tripartido, juntou as partes divergentes com a Direcção Geral do Trabalho, que mediou o conflito.
Nesta quarta-feira, 25, o Sindicato da Hotelaria, Comércio e Turismo (SICOTUR) e a Riu Hotels & Resorts sentaram-se à mesa com a Direcção Geral do Trabalho num encontro de mediação para firmar um acordo, cujas negociações tiveram lugar um dia antes, entre o sindicato e a empresa, evitando a grave já anunciada para 27 de junho, cujo pré-aviso havia sido entregue dez dias antes da paralisação.
No entanto, a concertação entre o sindicato e a empresa já havia produzido efeitos em janeiro deste ano, quando os hotéis Riu decidiram proceder a um aumento de 2,5 porcento (%) nos salários dos trabalhadores. Mas, no encontro entre as partes efectuado na última terça-feira tinha ficado já acordado que, a partir de Julho, irá registar-se mais um aumento salarial de 3,5%.
Isto é, o aumento real dos salários para este ano é fixado em 6%. E, em Janeiro de 2026, os trabalhadores terão ainda mais um aumento de quatro por cento, fazendo crescer substancialmente o seu poder de compra. Ou seja, no espaço de um ano, os trabalhadores verão aumentados os seus salários em 10%.
A empresa assumiu, ainda, o pagamento de 50% do Cartão de Sanidade já a partir de Julho, que antes era pago na totalidade pelos trabalhadores. O referido cartão é um documento exigido pela legislação, que estabelece que os trabalhadores tenham de ser sujeitos a uma inspecção sanitária, de seis em seis meses, por razão das suas funções de contacto directo com o público.
Mais, ainda: o subsídio por trabalho nocturno passa de 25 para 35% do salário, e a empresa irá pagar um subsídio de transporte mensal (no valor de 2 mil escudos) para os trabalhadores que residem em Palmeira e Pedra Lume. Os trabalhadores residentes noutras localidades já tinham o transporte assegurado pela própria empresa.
Ainda no que respeita aos funcionários que trabalham no horário nocturno, passam a ter direito a dois dias de folga por semana. Antes tinham folgas alternadas, de um dia por semana, seguido por dois dias por semana, um critério que, a partir de agora, apenas se aplica aos trabalhadores do horário diurno.
Outra das reclamações do sindicato, prendia-se com a carga horária, principalmente das trabalhadoras que laboram nos quartos, que chegavam a fazer 17 quartos por dia. Agora, o número máximo é fixado em 14.
Outra reclamação tem a ver com a alimentação fornecida aos trabalhadores, que o sindicato considera de baixa qualidade, principalmente tratando-se de um hotel. A Riu Hotels & Resorts assumiu o compromisso de melhorar a alimentação. O mesmo acontecendo em relação aos casos de assédio moral, garantindo que, juntamente com o sindicato, irá estar em cima dos problemas que forem surgindo.
Entretanto, ficou firmado o compromisso de, dentro de um ano, voltarem à mesa da concertação para avaliarem em conjunto (empresa e sindicato) o balanço das medidas adoptadas e eventuais novas demandas dos trabalhadores.
A Direção Geral do Trabalho procede, agora, à redacção do acordo que, segundo o presidente do SICOTUR, Nilton Vaz, será assinado ainda hoje pelas partes, posto o que será anulado o pré-aviso de greve.
Vaz fez, ainda, questão de sublinhar que, no acordo firmado, “não ficou nada de fora” do que estava incluso no caderno reivindicativo dos trabalhadores, previamente avançado pelo sindicato.
António Alte Pinho
