A obra licenciada pela CMP na Quebra Canela e que se encontra embargada por ordem do Tribunal da Comarca da Praia, a pedido da JS-CV, segundo informações desta empresa ao A NAÇÃO, está em conflito com a construção de um hotel de luxo de 15 pisos.
A JS-CV diz ter rubricado em 2013 com a CMP, no tempo de Óscar Santos, o direito de superfície de um trato de terreno na Quebra Canela, com a área de 5 mil metros quadrados, para nele erguer um hotel de cinco estrelas com salas de conferência e um aparthotel. Em 2017 as duas partes celebraram um contrato de compra e venda do referido terreno pelo preço de 106.307.143$00, sem contar o valor investido na requalificação dessa zona da capital.
Ao todo, a JS-CV Construções diz já ter investido mais de 426 mil contos entre a compra do terreno e a infra-estruturação de todo o Plano Director da Quebra Canela, tendo inclusive financiado a requalificação da zona com redes de esgotos, rede eléctrica e de abastecimento de água, entre outros serviços, bem como o asfaltamento das principais vias, iluminação pública do local.
A totalidade do terreno ora em disputa destina-se à edificação de um hotel de cinco estrelas, o “KK Eurostars Hotels”. Segundo Marcos Evangelista, director financeiro da JS-CV Construções, o contrato estabelece que, nas áreas limítrofes aos cinco mil metros quadrados adquiridos à CMP, “não se poder exercer nenhuma outra actividade comercial” e que, “se no futuro for autorizado a JS tinha direito de preferência”, o que não aconteceu.
“Já elaboramos o projecto e, neste momento, estamos a negociar com a Qatar Investment Authority para o financiamento da obra”, esclarece Marcos Evangelista, sublinhando que a previsão era arrancar com as obras neste segundo semestre de 2025. “Havendo um outro empreendimento nessa zona”, afirma, “a empresa considera que haverá problemas na execução do projecto”.
No local da obra embargada estava destinado para a construção de uma dessalinizadora para servir o hotel.
O certo é que na sequência da acção da JS-CV, no dia 19 de Junho, o Tribunal mandou embargar a obra, neste momento paralisada. Antes, a 12 de Maio, o representante dessa empresa diz ter enviado uma carta ao presidente da CMP, Francisco Carvalho e, até hoje, este “não reagiu à carta e nem sequer atendeu as diversas chamadas do director executivo da empresa”.
Conforme a carta enviada ao presidente da CMP, a que A NAÇÃO teve acesso, o empreendimento KK “é um projecto imobiliário turístico concebido pela JS-CV Construções e Investimentos Lda, que pretende dotar a cidade da Praia de um hotel vocacionado para o turismo de negócios”.
Para o esclarecimento deste conflito, A NAÇÃO procurou saber da posição da CMP, mas os nossos esforços revelaram-se em vão.
Hotel de 15 andares na Quebra Canela
O hotel de negócios de cinco estrelas, a construir na Quebra Canela, segundo Marcos Evangelista, terá 15 pisos, 200 quartos, incluindo duas suites presidenciais, 21 master suites, 45 juniores suítes e 132 suítes standards, “conferindo a cidade da Praia uma infra-estrtura capaz de dinamizar o turismo de negócios na capital do país”.
O empreendimento, a poucos metros do mar, conta ainda com um centro de convenções com capacidade para até 1500 pessoas. O mesmo prevê uma oferta complementar de alojamento no aparthotel, com apartamentos cinco estrelas, que também serão geridos pelo grupo espanhol HOTUSA. Serão 94 apartamentos, T1, T2, T3 e penthouses, com instalações como estacionamento privativo, ginásio, health club, piscinas, lojas de conveniência, boutiques e restaurantes de luxo, pub e lounge bar exterior.
