A quarta edição da Festa do Queijo, promovida pela Associação Ka Djidja, no município de São Filipe, traz como grande novidade o concurso “maior buli di leti”, que pretende resgatar o uso da cabaça, símbolo da cultura rural cabo-verdiana, como alternativa ao plástico. A feira visa valorizar a produção de queijo artesanal e fortalecer o sector da pecuária e a economia local.
Segundo o presidente da associação, Pedro Matos, além do seu valor tradicional, o “buli” é biodegradável e pode gerar rendimento sustentável para famílias rurais. “Com a proibição do plástico, materiais como o sisal e a cabaça são substitutos naturais e culturalmente relevantes”, explicou.
Formação técnica nos currais
Outra inovação desta edição é a formação técnica especializada sobre testes de mastite, inflamação que afecta a qualidade do leite. A capacitação será feita directamente nos currais da comunidade e inclui o uso de equipamentos como a “caneca de fundo preto”, importada de Portugal, que permite identificar impurezas invisíveis a olho nu.
“Antes, confiávamos apenas na observação manual. Agora teremos dados reais para garantir um leite seguro e queijos de qualidade”, afirmou Pedro Matos. A associação planeia, ainda, facilitar o acesso a esses kits para os criadores locais.
A programação inclui também uma formação para transformar leite, queijo e soro em doces e sobremesas, como forma de diversificar a produção e aumentar a durabilidade dos produtos.
A iniciativa dá continuidade ao projecto de empoderamento feminino iniciado na edição anterior. “Os doces têm maior alcance de mercado e ajudam a reduzir desperdícios”, destacou Pedro Matos, reforçando o compromisso com a geração de renda para mulheres das zonas rurais.
A quarta edição da Festa do Queijo tem hoje o seu dia de abertura e prolonga-se até sexta-feira, 18, na localidade de Monte Grande, a sul de São Filipe, movimentando a comunidade local e reunindo produtores e técnicos à volta da valorização da produção de queijo artesanal e visando fortalecer o sector da pecuária e a economia local.
Adelise Furtado
*Estagiária
C/ Inforpress
