O Sindicato da Indústria, Serviços, Comércio, Agricultura e Pesca (SISCAP), em representação dos trabalhadores, denunciou na manhã desta terça-feira, 15, “o clima laboral degradante” que se vive no Instituto Nacional de Estatística (INE), consubstanciado na perseguição a trabalhadores e na degenerescência de uma instituição que, “em tempos, granjeou enorme prestígio” internacional.
O SISCAP, aponta o dedo ao Conselho Directivo (CD), a quem acusa de promover “uma relação de confrontação e muita animosidade com os trabalhadores, especialmente, um grupo expressivo dos mais antigos, que vem sendo alvo da saga persecutória do presidente [João de Pina Cardoso], que tem se revelado flagrantemente incapaz e impreparado para dialogar e criar as condições para a paz laboral no INE”.
O sindicato aponta, ainda, o dedo ao vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, que acusa de conivência, porquanto “tem conhecimento pleno da situação que se está a vivenciar no INE, e não dá mostras de promover uma alteração do status quo”, fazendo uso dos poderes de tutela que lhe estão conferidos.
Sindicato estranha comportamento de Olavo Correia
A estranheza dos dirigentes sindicais é ainda maior, já que num encontro realizado um ano atrás, entre o ministro e um número significativo de trabalhadores, foi o próprio a reconhecer “expressamente que havia um problema no INE e que não valeria a pena escamoteá-lo, tendo assumido que tomaria uma decisão”.
Passado um ano, contudo, “o problema se agravou, com o Conselho Diretivo a apostar na tentativa de condicionamento e silenciamento de trabalhadores tidos como incómodos”, denuncia o SISCAP, referindo-se à “instauração de processos disciplinares, simplesmente, porque estes têm dado a cara em ações de reivindicação dos seus direitos laborais e de defesa da imagem e credibilidade do INE”.
Processos disciplinares a trabalhadores “incómodos”
Ainda segundo o sindicato, “em menos de um ano, dois trabalhadores, com mais de 20 anos e com provas dadas na construção e crescimento do INE, foram alvos de processos disciplinares”, e avança o caso de um desses trabalhadores que recebeu a notificação do processo disciplinar, instantes após de ter participado em uma concentração sindical, realizada à porta do IN, a 19 de Junho último.
O SISCAP “repudia veemente essa atitude persecutória por parte do Conselho Diretivo do INE, principalmente do seu presidente”, ao mesmo tempo que afirma ir continuar “a usar de todos meios legais para fazer valer os interesses dos seus associados”, cujos processos estão a ser patrocinados pelo sindicato.
