O observatório Nacional do Tráfico de Pessoas lançou, este mês, uma campanha de sensibilização para alertar a sociedade cabo-verdiana sobre os riscos e sinais do tráfico humano, incentivando o diálogo, a reflexão e o acesso à informação. Isto, numa altura em que especialistas alertam para casos que podem estar a passar despercebidos, apesar dos dados oficiais indicarem um número reduzido de denúncias.
Segundo Elisa Fontes, presidente do Observatório Nacional do Tráfico de Pessoas, a iniciativa pretende ir além das estatísticas.
“Se formos ver pelos dados estatísticos, vamos ver que Cabo Verde não está afetado em grande medida pelo tráfico de pessoas. Mas, se observarmos casos visíveis como o turismo sexual e a prostituição, podemos considerar que há indícios de tráfico humano”, afirmou.
Fontes ressalta ainda que há um estudo que indica a necessidade de capacitação de profissionais e maior sensibilização da população, para que se consiga recolher dados mais fiáveis e condizentes com a realidade cabo-verdiana.
Apenas uma condenação entre 13 casos identificados
Entre 2016 e 2024, foram registados 13 casos de tráfico de pessoas em Cabo Verde. Em 2025, até o momento, há apenas uma denúncia. No entanto, segundo a responsável, os números não refletem a realidade total do problema.
“Dos 13 casos, apenas houve uma condenação. Seis dos processos foram arquivados por não preencherem os critérios legais para serem considerados tráfico humano. Muitas vezes, a denúncia é feita acreditando que se trata de tráfico, mas é a investigação que confirma ou não o crime”, explicou Elisa Fontes.
Linha de denúncia anónima e gratuita
A campanha também destaca a importância da denúncia como ferramenta essencial no combate ao tráfico de pessoas. Para isso, está disponível uma linha telefónica gratuita e anónima, permitindo que qualquer pessoa possa reportar situações suspeitas de forma segura e confidencial.
Adelise Furtado
Estagiária
C/ Record D´Nós
