Amante assumido do futebol, o Embaixador de Cabo Verde no Brasil, José Pedro Chantre D´Oliveira, esteve por trás do recente estágio do Selecionador Nacional, Bubista, no Cruzeiro Esporte Clube. Estando às portas do sprint final para a qualificação do Mundial 2026, Djopan, como é também carinhosamente conhecido, acredita que o resultado vai depender do engajamento de toda a Nação à volta dos “Tubarões Azuis”, e da criação das condições ideais para que a equipa entre em campo nos jogos que faltam de cabeça fresca e concentração quase total.
“O que não me falta é fé em ver, um dia, o nosso país qualificado para o Mundial de Futebol, tal como vem acontecendo noutras modalidades de menor projeção. Esse sprint final vai depender do engajamento de toda a Nação à volta de “Tubarões Azuis”, sobretudo do Governo da República na criação de condições de viagem capazes de pôr a equipe em Mauritius, e depois na Praia, em tempo ótimo de se conseguir que o time entre em campo, nos dois jogos, de cabeça fresca e concentração quase total”, defendeu, em conversa com A Nação.
Provavelmente, diz o Embaixador, os dois voos charters, da Europa para Mauritius e dali para Praia, possam significar o sucesso na data FIFA de Seetembro, que pode colocar-nos numa situação de sonhar, nas ilhas e na diáspora, com um marco sublime da Nação cabo-verdiana.
“E, como se diz habitualmente, sonhar não paga impostos!”, brincou, lembrando que, a nível promocional do país, seria um fenómeno que ultrapassaria qualquer um outro, na nossa história, incluindo o da Cesária Évora.
“A qualificação de Cabo Verde para a Copa do Mundo 2026 levaria o nome do país para os pontos mais remotos do Globo. É algo inimaginável! Haja trabalho e fé”, acrescentou.
Em apoio à seleção, diz que todos devem ter pensamento positivo, porém, sem fanatismos e sem pressionar a equipa e sem perder o chão.
Um prognóstico? – Quatro pontos nos dois jogos parecem suficientes para “continuarmos a sonhar”.
Estágio no Cruzeiro, um aprendizado a mais
Recentemente o Selecionador Nacional Pedro Brito (Bubista) esteve durante um curto estágio no Cruzeiro Esporte Clube, iniciativa que surgiu, conforme José Pedro D´Oliveira, de conversas entre os dois e da hipótese levantada pelo Mister.
“Com a colaboração de amigos bem próximos da diretoria do Cruzeiro Esporte Clube, lá conseguimos. Tivemos sorte em ter encontrado gente boa e bem colocada, pois não é habitual conseguir o sim de um treinador profissional em plena competição e, ainda por cima, num campeonato como é o Brasileirão, para esse tipo de transferências de conhecimento”, referiu.
Os custos, conforme disse, foram as passagens aéreas assumidas pela Federação Cabo-verdiana de Futebol e, o alojamento, pela solidariedade e patrocínio da Cabo Verde Airports a quem deixou “um enorme agradecimento por este exemplo patriótico que dá ao sector empresarial nacional”.
Pelo momento que se vive na seleção, admite ser um aprendizado a mais para o selecionador, que vai agora trabalhar os detalhes com seu grupo técnico.
“Apesar de curto, é sempre algo novo que vem de outro futebol, de outras condições estruturais de trabalho e de um treinador com nome firmado no futebol europeu”, sublinhou.
Questionado sobre a possibilidade de algum espaço para os jogadores cabo-verdianos que jogam no exterior, responde que seria “sonhar muito”, tendo em vista o perfil do futebol brasileiro.
“O Brasil é o maior exportador de futebolistas do mundo, e não vejo espaço para os nossos. Talvez, para alguns já com créditos firmados no futebol europeu, quem sabe. Todavia, não enxergo essa hipótese com alguma lógica”, explicou.
Relações Cabo Verde – Brasil
José Pedro D´Oliveira assumiu, enquanto Embaixador de Cabo Verde no Brasil, o reforço das relações culturais e trocas comerciais como prioridade da sua missão.
O Brasil, afirma, é um “parceiro capaz de nos apadrinhar, de forma exemplar, neste nosso esforço para o desenvolvimento”. “Eu diria que a bola está do nosso lado e precisamos ser mais ousados, também nas relações diplomáticas com a América do Sul, sobretudo com o Brasil que lidera esta região”, enfatizou.
No âmbito desta relação bilateral, Cabo Verde e Brasil têm abordado áreas estratégicas que incluem, entre outras iniciativas, a retoma de voos diretos, – que aliás tem sido uma necessidade manifestada pelos estudantes cabo-verdianos naquele país; mas também a possibilidade de ligação marítima, com foco no sector comercial.
Recentemente, esteve em Cabo Verde uma missão técnica brasileira, parte do programa Simetria Urbana da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), para auxiliar no planejamento habitacional, trabalho social e cálculo do déficit habitacional.
Natalina Andrade
Publicado na Edição 935 do Jornal A Nação, de 31 de julho de 2025
