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Economia

BCV diz que a economia de Cabo Verde cresceu 7,2% em 2024

O relatório do Banco de Cabo Verde (BCV) sobre o estado da Economia em 2024, lançado esta semana, aponta que a economia cresceu 7,2% em 2024, contra os 4,8% registados em 2023. A instituição diz que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) se deveu ao crescimento dos rendimentos “reais” das famílias, sustentado pela redução da inflação e pelo aumento das prestações sociais, ao reforço da procura externa turística, bem como, entre outros, à melhoria da confiança dos consumidores. Mesmo assim, assiste-se à saída em massa de pessoas que estão a emigrar para o estrangeiro.

Os dados da macroeconomia podem nem sempre bater certo com os da microeconomia, ou seja, a economia real das famílias, no dia a dia, especialmente quando se tem assistido nestes últimos tempos à saída em massa de pessoas à procura de uma vida melhor no estrangeiro, entre eles muitos jovens.

Mas, o certo é que os dados oficiais do Banco de Cabo Verde (BCV) são relativamente animadores em termos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano.

Segundo o Banco Central, em 2024, a economia cabo-verdiana cresceu 7,2%, contra os 4,8% verificados em 2023, sustentada desta vez pelo aumento do consumo privado, pela forte recuperação do turismo e pela melhoria da confiança dos consumidores.

Inflação média anual em queda

A inflação, segundo o BCV, manteve trajetória descendente, com a taxa de inflação média anual a fixar-se em 1,0%, refletindo o “alívio” das pressões nos preços internacionais. Ou seja, essa inflação era de 3,7 %, em 2023. Uma descida justificada em razão, essencialmente, pela queda dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares nos mercados internacionais.

Isto, pese embora, como aponta o relatório, num contexto externo marcado por alguma desaceleração económica global, mas com estabilidade nos preços internacionais e recuperação gradual do comércio mundial, em que a balança corrente registou um “superavit expressivo”, apoiado pelo crescimento das receitas turísticas e das remessas, aliado à moderação das importações.

“Este desempenho permitiu reforçar as reservas internacionais e contribuir para a estabilidade macroeconómica”, analisa o BCV no relatório sobre o estado da economia apresentado esta semana.

Queda do Investimento directo extrangeiro

O mesmo documento contextualiza ainda que as contas externas evoluíram favoravelmente. “A balança corrente registou um superavit de 10.565,8 milhões de escudos (3,8 por cento do PIB), determinado sobretudo, pelos acréscimos registados nas exportações de serviços de turismo, nas reexportações de combustíveis e víveres nos portos e aeroportos nacionais e nas remessas dos emigrantes, bem como, pelo abrandamento das importações de bens e serviços”.

Este desempenho da balança corrente, nota o BCV, compensou o fraco desempenho da balança financeira (excluindo os ativos de reserva), que “apresentou uma queda dos influxos líquidos de financiamento para a economia, em cerca de 17.984,5 milhões de escudos, em virtude da redução dos desembolsos líquidos da dívida externa privada (bancos e outros sectores), do aumento dos activos externos líquidos dos bancos comerciais e da diminuição do investimento directo estrangeiro realizado em Cabo Verde (em 34,2%).

Com efeito, o relatório, observa ainda que o país registou um “ganho” em activos de reserva, de cerca de 51 milhões de euros, refletindo-se no aumento do stock das reservas externas líquidas para os 736,2 milhões de euros. Isto permitiu garantir, no final de 2024, 6,5 meses das importações (6,2 meses de importações no final de 2023).

Agravamento do défice público

Em resultado, sobretudo, do aumento da posição dos activos externos dos bancos e da autoridade monetária, o documento avança que “a posição internacional líquida (deficitária) melhorou em 2024, em cerca de 8.018,9 milhões de escudos, fixando-se nos 340.551,6 milhões de escudos, passando a representar 122,6% do PIB (136,7 por cento do PIB em 2023), continuando, no entanto, ainda elevada e constituindo uma fonte de vulnerabilidade externa para o país”.

A nível orçamental, o relatório do BCV explica que a execução do Orçamento Geral do Estado para 2024 denotou uma situação orçamental menos favorável. “O défice global público se agravou, situando-se em 1,1 por cento do PIB (0,3 por cento do PIB em 2023), devido ao aumento das despesas e abrandamento das receitas”.

O agravamento do défice público e o aumento das despesas com os juros da dívida, refletiu-se, assim, na redução do saldo global primário, que se fixou em 1,3 por cento do PIB (2,0% do PIB em 2023).

“Refletindo a manutenção de um crescimento económico elevado e um saldo primário positivo, a dívida pública continuou a reduzir em 2024, mas encontra-se ainda em patamares elevados”, conforme atesta o documento.

Ou seja, a dívida pública, incluindo os Títulos de Rendimento de Mobilização de Capital (TRMC) fixou-se nos 114,9% do PIB. Incluindo também os passivos contingentes, ou seja, a dívida das empresas públicas e das autarquias locais, a dívida situou-se nos 130,2% do PIB.

Publicado na Edição 937 do Jornal A Nação, de 14 de Agosto de 2025

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