A tão falada mexida na “governação” da TACV só deverá acontecer no dia 21 de Outubro, com a realização de uma Assembleia Geral da Empresa. Na última reunião dos accionistas da companhia este assunto não foi abordado porquanto não constava da ordem do dia.
As expectativas saíram goradas com a realização da Assembleia Geral da TACV, tendo em conta que, de acordo com as palavras do ministro do Turismo e Transportes, José Luís Sá Nogueira, haveria mexidas na governação da companhia. Porém, e estranhamente, a eleição de novos corpos socias da empresa sequer constou da ordem do dia da reunião dos accionistas da TACV, de 22 deste mês, que continha apenas três pontos: ratificação do Termo de Acordo entre a TACV e a LACV; Apreciação da Execução do Plano de Atividades e Orçamento para 2025; e diversos.
A NAÇÃO sabe, no entanto, que uma eventual mexida na administração da TACV poderá ocorrer no dia 21 de Outubro numa Assembleia Geral extraordinária, que deverá ser convocada para o efeito. Na mesma ocasião serão eleitos os membros da administração da recém-criada Linhas Aéreas de Cabo Verde (LACV), que, neste momento, conta com Manuel Lima e João Pereira como presidente do Conselho de Administração e administrador, respectivamente.
A TACV está neste momento a garantir os voos domésticos e brevemente deverá contar com os dois ATR 72-600, adquiridos recentemente. Porém, os voos domésticos deverão passar para a alçada da LACV, que aguarda o necessário Certificado de Operador Aéreo (COA) junto da Agência da Aviação Civil (AAC). Com isso, os contratos de locação dos dois ATR 72-600 passarão a ser geridos pela nova companhia.
Mas, durante esta fase, a TACV será responsável por todos os procedimentos técnicos e administrativos necessários para o registo, certificação e inclusão das aeronaves no seu COA e pela preparação para o início das operações. Isto sem prejuízo de a LACV cooperar no processo, nomeadamente no que respeita à disponibilização de informações e documentação relevantes que legalmente sejam da sua responsabilidade.
Três grandes prioridades da TACV
Na última Assembleia Geral da TACV foi apreciada a execução do Plano de Actividades e Orçamento para 2025 da empresa, que estabelece como uma das prioridades a estabilização das operações domésticas.
Até à operacionalização da LACV, que se encarregará do transporte aéreo doméstico, o Governo decidiu em Fevereiro de 2024, celebrar com a TACV um contrato de prestação de serviço de transporte aéreo interno de passageiros, carga e correio, incluindo as obrigações de serviço público.
Não dispondo a companhia de aeronaves adequadas a este tipo de transporte, o recurso a leasing em regime de urgência de aeronaves de menor porte e na modalidade de wet lease, segundo a administração da TACV, afigurou-se como a única solução para a resposta a essa necessidade emergencial.
A administração da TACV reconhece, no entanto, que “perturbações várias vêm impedindo que essa prestação de serviço de transporte de passageiros e carga seja realizada com elevados padrões, seja de disponibilidade de voos para satisfazer a procura existente, como sobretudo, no que diz respeito à pontualidade, regularidade e a preços compatíveis com o poder de compra da população em geral”.
Novas rotas
Ao definir a melhoria na conectividade doméstica e internacional como segunda prioridade estratégica, a administração da TACV considera que a sua concretização “implica necessariamente o alargamento e o lançamento de novas rotas”. Estas, segundo a empresa, terão “como princípio realizar operações que resultam em rentabilidades para a TACV, servirão simultaneamente de âncoras para o fomento do hub aéreo, centrado no aeroporto do Sal e, igualmente para o reforço da conectividade com a nossa vasta diáspora espalhada pelos quatro cantos do mundo”.
Em relação à sustentabilidade financeira, que é tida como terceira prioridade, “surge como uma necessidade imperiosa, sendo que a sua realização implica a TACV ter disponíveis as contas em tempo oportuno e em dia a informação financeira para a gestão”.
“Só assim”, realça o mesmo comunicado, “será possível traçar o caminho para a obtenção de ganhos no aumento de receitas o que exige obrigatoriamente o alargamento da rede de distribuição e de vendas, seja pela via do estabelecimento de parcerias diversas, como também pelo retorno aos sistemas ICH e BSP, sem descurar, obviamente duma maior agressividade comercial e aumento de participações e presenças em eventos e palcos nacionais e internacionais de promoção e de captação do negócio aéreo”.
Sustentabilidade financeira
Essa almejada e “necessária” sustentabilidade financeira, consoante a administração da companhia, “vai ter de passar também, de modo incontornável, pela reestruturação dos passivos existentes, só possível com suporte do Estado enquanto acionista principal, dotando assim a nossa companhia de bandeira, de capacidade para contração de novos financiamentos destinados à realização de investimentos necessários”.
Daniel Almeida
Publicado na Edição 943 do Jornal A Nação, de 25 de Setembro de 2025
