Cabo Verde joga hoje, segunda-feira, 13, às 15h, o jogo mais importante da sua história recente: a vitória frente ao Essuatíni, em casa, poderá selar o passaporte inédito para o Mundial de 2026. Depois do empate dramático com a Líbia (3-3), os Tubarões Azuis chegam à derradeira jornada na liderança do Grupo D, com 20 pontos, dois acima dos Camarões, e dependem apenas de si para garantir o feito histórico diante da equipa mais frágil da série, ainda sem vitórias.
Depois de falhar o match-point da Líbia – empate a três bolas – a selecção nacional de Cabo Verde em futebol, primeiro lugar do pelotão, agora com 20 pontos, entra em campo na próxima segunda-feira, para o derradeiro jogo preliminar, desta feita, frente aos Essuatíni, o lanterna vermelha do Grupo D, com apenas três pontos.
Aparentemente estará garantido o passaporte rumo ao Mundial 2026, quanto mais não seja por o embate do próximo dia 13 decorrer na Cidade da Praia e frente a uma equipa relativamente modesta que, até agora, não venceu um único jogo. De resto, já na primeira volta, a 21 de Novembro de 2023, os Tubarões Azuis haviam derrotado os Sihlangu Semnikati, no Estádio Somhlolo, por duas bolas a zero.
O combinado cabo-verdiano já está na cidade da Praia. Chegou na madrugada de hoje, quinta-feira, e tem agora mais quatro dias para preparar aquilo a que se pode perfeitamente considerar o jogo das nossas vidas.
Os cabo-verdianos só têm de fazer igual resultado que os Camarões – o segundo lugar do grupo, com 18 pontos – se quiser seguir em frente e esquivar-se do famigerado play-off. Um eventual empate frente ao Essuatíni, poderá comprometer as aspirações insulares, caso os camaroneses vençam, pois, valerá aqui, enquanto critério de desempate (21 pontos contra 21) o efeito “maior número de golos nos confrontos directos – os Tubarões Azuis perderam em Yaoundé (4-1), embora tenham vencido na Praia (1-0).
Importa lembrar que esta é a segunda vez que os Tubarões Azuis (TA) veem os palcos da finalíssima de uma Copa do Mundo a um toque certeiro das suas botas. A primeira foi em 2012-2013, na corrida rumo ao Brasil-2014, quando o colectivo nacional chegou a liderar o pelotão, acabando, entretanto, desclassificado na secretaria da FIFA, alegadamente pela utilização irregular de um jogador – Fernando Varela, então atleta do Steua de Bucareste. Os cabo-verdianos tentam agora esconjurar o aforismo “não há uma sem duas”.
Bubista mantém o mesmo grupo de trabalho que esteve na Líbia, uma mistura entre equilíbrio, experiência e juventude: Guarda-redes: Bruno Varela, Josimar Dias “Vozinha” e Márcio da Rosa; defesas: Edilson Borges “Diney”, Ianique Tavares “Stopira”, Kelvin Pires “Djack”, João Paulo Fernandes, Roberto Lopes “Pico”, Sidny Lopes Cabral, Steven Moreira, Wagner Pina; médios: Aílson Tavares, Deroy Duarte, Jair Semedo “Yannick”, Heriberto Tavares, Maccabi Netanya, Jamiro Monteiro, Laros Duarte, Kevin Pina, Telmo Arcanjo; avançados: Dailon Livramento, Garry Rodrigues, Hélio Varela, Nuno da Costa, Ryan Mendes, Willy Semedo.
O jogo tem lugar pelas 15 horas de Cabo Verde, no Estádio Nacional, em Monte Vaca.
Como chegamos até aqui
Líderes isolados do Grupo D, os Tubarões Azuis parecem estar a dormir tranquilos à frente do pelotão, quanto mais não seja pela distância de 2 pontos que levam diante do segundo classificado, a duas jornadas do fim – os Leões Indomáveis dos Camarões, a selecção mais poderosa do grupo pelo seu rico palmarés nestas andanças internacionais.
A campanha rumo aos EUA, Canadá e México iniciou-se em 2023. Os cabo-verdianos fizeram um percurso irrepreensível – seis vitórias, dois empates e uma derrota. Partiram do Monte Vaca, em 2023, no Estádio Nacional, empatando frente aos Palancas Negras de Angola (0-0) e desfeiteando o Essuatíni (0-2); em 2024 foram aos Camarões encaixar uma pesada goleada (4-1) e redimiram-se em casa, diante da Líbia (1-0). Desde 11 de Junho de 2024 que mantêm a toada de vitória e só sabem ganhar: 1-0 diante das Maurícias, 1-2 contra Angola, 0-2 diante das Maurícias, 1-0 na revanche aos Leões Indomáveis dos Camarões, na cidade da Praia e 3-3 frente à Líbia.
Os estádios da finalíssima com que Cabo Verde sonha
Estão programados um total de 104 jogos nesta 23ª edição da Copa do Mundo 2026. Pelo menos 46 selecções nacionais estarão distribuídas por 16 cidades dos EUA, Canadá e México. O jogo de abertura dar-se-á no México, no Estádio Azteca, no dia 11 de Junho de 2026; o da Meia Final-1, no AT&T Stadium, em Dallas, Texas; o da Meia Final-2, no Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta, Geórgia; o da final, no MetLife Stadium, em East Rutherford, Nova Jérsia, no dia 19 de Julho.
Eis os 16 estádios onde vão decorrer os jogos:
Estados Estados Unidos
- MetLife Stadium (Nova Iorque / Nova Jersey)
- AT&T Stadium (Dallas / Arlington, Texas)
- Arrowhead Stadium (Kansas City, Missouri)
- NRG Stadium (Houston, Texas)
- Mercedes-Benz Stadium (Atlanta, Geórgia)
- SoFi Stadium (Inglewood / Los Angeles, Califórnia)
- Lincoln Financial Field (Filadélfia, Pensilvânia)
- Levi’s Stadium (Santa Clara / área da baía de São Francisco)
- Gillette Stadium (Foxborough / Boston, Massachusetts)
- Hard Rock Stadium (Miami Gardens, Flórida)
- Lumen Field (Seattle, Washington)
México
- Estádio Azteca (Cidade do México)
- Estádio Akron (Zapopan / Guadalajara, Jalisco)
- Estádio BBVA (Guadalupe / Monterrey, Nuevo León)
Canadá
- BMO Field (Toronto, Ontário)
- BC Place (Vancouver, Colúmbia Britânica)
A grande novidade desta 23ª Edição-2026 é que as selecções nacionais serão divididas em 12 grupos de quatro equipas, sendo que as duas primeiras de cada grupo, conjuntamente com as 8 melhores terceiras classificar-se-ão para as oitavas de final. Um formato inédito que estabelece que as seselcções que chegarem à final terão que ter passado por oito jogos, mais um que os disputados na última Copa do Mundo FIFA de 2022, no Qatar.
Importa referir que, nestas preliminares ainda em curso, são já conhecidas pelo menos duas das 9 selecções do grupo África – as tais que se apuram automaticamente nestas pré-eliminatórias, sem recurso aos play-off – Marrocos (Grupo E) e Tunísia (H).
Depois do dia 13 – e já apuradas outras 7 – abrir-se-á uma janela suplementar para uma espécie de final-four disputada entre os 4 melhores segundo classificados. Estes serão escolhidos no quadro de uma repescagem intercontinental que abrirá a possibilidade de a África vir a ter 10 representantes neste Mundial.
Paixão e custos elevados marcam a corrida dos adeptos ao Mundial 2026
Os cabo-verdianos – no país e na diáspora – sempre estiveram próximos dos grandes momentos da nossa seleção nacional. Foi assim em 1978, quando os Tubarões Azuis conquistaram o seu primeiro troféu, em Bissau; em 2000, pela conquista da XVI edição da Taça Amílcar Cabral; nas finalíssimas da CAN-2013, na África do Sul; na CAN-2015, na Guiné Equatorial; e na CAN-2023/24, na Costa do Marfim.
E a saga continua
Partindo do princípio de que Cabo Verde carimbará, nesta janela de outubro (entre os dias 8 e 13), o passaporte para o Mundial de 2026, são já milhares os cabo-verdianos – adeptos fervorosos dos Tubarões Azuis – que se preparam para voltar a acompanhar a seleção nesta campanha pelos Estados Unidos, Canadá e México. Uma aventura de paixão, mas também de muitos custos.
A FIFA já iniciou a venda dos primeiros ingressos – e são, de facto, bastante onerosos. O site The Athletic revela que os bilhetes para a final de 19 de julho, no MetLife Stadium, em East Rutherford (Nova Jérsia), poderão chegar aos 6.370 dólares (USD) – mais de 600.000$00 cabo-verdianos.
Para simplificar, o mesmo site indica que a média de preços nas partidas da fase de grupos varia entre 200 e 300 dólares (20 a 30 mil escudos) por jogo. Além da partida da final, em Nova Jérsia – a mais cara de todas – seguem-se os bilhetes para os jogos de abertura, na Cidade do México, e para as meias-finais, em Dallas e Atlanta. Os ingressos mais acessíveis, lançados em setembro, custam cerca de 60 dólares (6.000$00). Contudo, a FIFA já advertiu que, ao longo das fases da competição, todos os bilhetes poderão sofrer variações de preço.
Santa Clara*
*Pseudónimo de José Mário Correia
Publicado na Edição 945 do Jornal A Nação, de 09 de Outubro de 2025
