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Santiago

Diáspora quer pacto de desenvolvimento com Cabo Verde

Quadros da diáspora e quadros residentes estão reunidos no seu primeiro Congresso Internacional para juntos encontrarem caminhos de aproximação e contributo mútuo para o desenvolvimento do país. Do encontro deve sair um plano estratégico e recomendações de políticas públicas.

A Cidade da Praia recebe, esta semana, de quarta à sexta- -feira, o primeiro Congresso Internacional de Quadros, tendo em vista reforçar a cooperação entre o país e a sua diáspora. O evento é coorganizado pela Organização Internacional de Quadros (OIQ) e pelo Ministério das Comunidades, além de outras entidades, enquadrado nas comemorações dos 50 anos da Independência de Cabo Verde.

Um momento de celebração do passado, mas sobretudo, de projecção dos próximos 50 anos e de decidir, de uma vez por todas, qual será o papel da diáspora na Diáspora quer pacto de desenvolvimento com Cabo Verde construção de um Cabo Verde mais desenvolvido e inclusivo, conforme avança Maria Silva, presidente da OIQ.

“Os quadros que residem na diáspora se encontram com os quadros que residem em Cabo Verde para, juntos, pensarmos o Cabo Verde que queremos. Um país mais desenvolvido, mais inclusivo, mais democrático, com menores assimetrias e, sobretudo, para pensar aquilo que pode ser o papel da diáspora neste processo”, reforça, em declarações ao A NAÇÃO.

Três eixos fundamentais

Esta reflexão de três dias, a acontecer no Campus da Uni-CV, dá-se a volta de temas considerados prioritários para o país, alinhados com o Plano de Desenvolvimento Sustentável.

O primeiro está voltado para a Cultura, enquanto elemento que une o país e a sua diáspora, e para a Identidade, este, numa perspectiva de um novo conceito de emigração. Não aquela emigração ligada à escassez, mas uma emigração de expansão, conforme explica a nossa entrevistada.

“Hoje temos jovens que saem do país por razões outras, por motivos de intercâmbio, de mobilidade, de formação e ao saírem levam consigo, não a memória da escassez, mas esta força da nossa cabo-verdianidade. Temos uma diáspora em expansão, em crescimento, que está um bocado ligada ao que chamamos de mobilidade circular e nesta mobilidade circular é que nós encontramos o regresso de quadros altamente qualificados que querem contribuir”, reforça.

O segundo dia do congresso, portanto, esta quinta-feira, é dedicado à reflexão sobre economia e desenvolvimento, com a discussão voltada para o modelo de integração da diáspora no desenvolvimento de Cabo Verde.

O congresso termina amanhã, sexta-feira, com foco nos desafios ligados ao sector da saúde, tido como um dos “pontos fracos” do desenvolvimento do país.

“Nós chamamos quadros qualificados do sector, que juntamente com os quadros residentes, vão pensar como melhorar o sistema de saúde e, sobretudo, como colocar à disposição do país as próprias competências”, refere Maria Silva.

Importância estratégica da diáspora

Para Maria Silva, é um erro pensar Cabo Verde mais desenvolvido sem envolver a sua diáspora, sendo que dois terços da população cabo- -verdiana vive na diáspora e, destes 80% vive em países desenvolvidos.

“Cabo Verde sai a ganhar se houver um alinhamento entre as partes. É necessário haver aqui um pacto entre o país e sua diáspora. Por isso, o congresso será um espaço de construção conjunta, de pensarmos Cabo Verde, de fazermos um diagnóstico do estado deste diálogo, de identificar obstáculos e desenhar o futuro”, refere.

As conclusões darão corpo a um plano estratégico e serão entregues ao Governo, com ideias daquilo que podem ser políticas ligadas à diáspora.

De referir que a Organização Internacional de Quadros, presidida por Maria Silva, nada tem a ver com o Congresso dos Quadros Cabo-verdianos na Diáspora (CQCD), iniciativa surgida em Portugal, na década de 1990, extinta entretanto, e que chegou a realizar vários congressos em Lisboa, Mindelo e Praia.

Natalina Andrade

Publicado na Edição 946 do Jornal A Nação, de 16 de Outubro de 2025

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