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Santiago

Praia: Romeu di Lurdis vai a enterrar hoje no Cemitério da Várzea

Romeu di Lurdis partiu a 9 de Setembro, em Lisboa, vítima de um ataque cardíaco. Foi músico, compositor, poeta, activista e político. Na cultura, deixa um legado que junta tradição e romantismo, amor e esperança.

Romeu di Lurdis, de seu nome próprio Carlos Manuel Tavares Lopes, de 36 anos, faleceu em Lisboa, dois dias antes de um concerto agendado para o último sábado, 11, em Damaia, Amadora.

O corpo foi trasladado para Cabo Verde no ontem, sábado, 18, e o funeral é realizado hoje, na sua terra natal.

Artista multifacetado

Romeu di Lurdis deixa o legado de um artista multifacetado – cantor, compositor, instrumentista e poeta, mas também de um ativista dedicado à vida cultural e social do país, como recorda o Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, para quem a cultura e a criação nacional ficam agora mais pobres.

“Cabo Verde acaba de perder o nosso irmão. A cultura cabo-verdiana ficou mais pobre. O teu sorriso, a tua voz, a tua música ficam connosco para sempre”, lamentou, igualmente, o artista Bob Mascarenhas.

Sua partida foi sentida por vários artistas, instituições e outras personalidades da cultura nacional como Ceuzany, Cremilda Medina, Batucaderas Herança Di Nós Terra, o Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), entre outros.

Com dois discos gravados, Romeu di Lurdis deixa um marco na cultura do país, com suas canções carregadas de simbolismo, romantismo e homenagens às mulheres.

Seu último álbum – “Kuraçon Aberto”, foi lançado em Fevereiro deste ano. Neste trabalho, Romeu se declarava um “romântico assumido”, ao trazer para a música “as nossas aventuras amorosas e as nossas dimensões afectivas e familiares na língua cabo-verdiana”.

Cinco anos antes, tinha lançado “Amoransa”, um álbum que, como sugere o nome, vinha também carregado de amor e esperança. “Para mim há sempre duas forças que me movem e comovem: o amor e a esperança”, declarou, na altura, o jovem que ficou conhecido ao participar do concurso musical Talento Strela.

Na sua música, Romeu juntava a tradição e o romantismo; amor à música, amor para com as pessoas e pela família.

Um homem de causas

Romeu é lembrado também como um homem de causas que, para lá da cultura, passou pela política, tendo concorrido a duas eleições autárquicas na Cidade da Praia – uma enquanto candidato independente e outra pelo Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS).

Neste campo, destacou-se pelo seu “compromisso com a democracia e pela defesa da participação cívica”, conforme recorda a Comissão Nacional das Eleições.

“Não mais será visto aqui na terra, mas como legado fica uma singela obra musical. Jamais me esquecerei da homenagem que fez às mulheres!, jamais me esquecerei das suas músicas!, jamais me esquecerei do seu engajamento cívico e da forma pedagógica e inclusiva como se envolveu na política!”, escreveu o Presidente da República, José Maria Neves.

Romeu di Lurdis era licenciado em Gestão de Património Cultural, pela Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes da Uni-CV. Era natural do município de Santa Cruz e residia na Cidade da Praia.

Natalina Andrade

Publicado na Edição 946 do Jornal A Nação, de 16 de Outubro de 2025

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