O agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) acusado de matar a tiro o cidadão cabo-verdiano Odair Moniz pediu desculpa à família e amigos da vítima no início do julgamento, que decorre no Tribunal Central Criminal de Sintra. O julgamento começou esta quarta-feira, quase um ano após o crime, e vai prosseguir nos próximos dias.
“Gostaria de pedir desculpa à família e aos amigos. Acredito que não seja fácil para ninguém”, declarou Bruno Pinto, de 28 anos, no banco dos réus. O agente reiterou ainda ter visto “uma lâmina” na posse de Odair Moniz no momento da ocorrência.
Odair Moniz, de 43 anos e residente no Bairro do Zambujal, Amadora, foi atingido mortalmente a 21 de outubro de 2024 no Bairro da Cova da Moura. Segundo o despacho do Ministério Público (Portugal), o primeiro disparo, feito a uma distância entre 20 e 50 centímetros, atingiu o tórax da vítima. O segundo tiro, disparado entre 75 centímetros e um metro, atingiu a zona da virilha.
O Ministério Público refere que Odair terá tentado fugir e resistido à detenção, mas não verificou qualquer ameaça com arma branca. O agente Bruno Pinto incorre numa pena que pode variar entre oito a 16 anos de prisão.
Caso gerou protestos e homenagens
A morte de Odair Moniz provocou uma vaga de protestos em bairros da periferia de Lisboa, no passado sábado, um grupo de ativistas e moradores do Zambujal inaugurou um mural em sua homenagem, incluindo também três jovens falecidos da mesma comunidade. “Era uma pessoa muito querida, não só na nossa comunidade, mas em várias comunidades”, afirmou José Carlos, um dos promotores da homenagem.
O coletivo Vida Justa destacou que, no Bairro do Zambujal, as intervenções policiais são frequentemente mais agressivas, gerando tensão entre moradores e autoridades, enquanto os ativistas aproveitaram a ocasião para distribuir um “Manual de Sobrevivência a Intervenções Policiais”, que informa os cidadãos sobre os seus direitos e deveres das forças policiais.
C/RTP notícias
