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Economia

Fogo/Energia: EDEC diz para Águabrava não pôr a culpa nos “fatores conjunturais” para o problema de água para rega

Em nota a Empresa de Distribuição de Eletricidade de Cabo Verde (EDEC) respondeu à Empresa Intermunicipal de Água do Fogo e da Brava (Águabrava) sobre a alegada tentativa de atribuir à EDEC e à recente crise energética na ilha, a responsabilidade pela escassez de água que afeta o setor agrícola na zona sul do Fogo. A EDEC diz que, sem minimizar a importância da energia elétrica no processo de bombagem de água, os problemas de abastecimento vão “além de episódios pontuais, tratando-se antes de uma questão estrutural que exige soluções sustentáveis e planeamento de longo prazo”.

A EDEC instou à Águabrava à “não a transferência de culpas para fatores conjunturais” do problema de água para rega e que enfrentar essa realidade exige responsabilidade, visão estratégica e foco na sustentabilidade.

Sobre as dívidas, a EDEC avançou que, atualmente a dívida acumulada da Águabrava ultrapassa “mais do dobro da faturação mensal” de eletricidade para toda a ilha do Fogo e que mesmo assim nunca considerou interromper o fornecimento de energia.

“A EDEC, ciente do papel essencial da Águabrava no abastecimento de água à população e à agropecuária, nunca considerou interromper o fornecimento de energia, mesmo com justificação técnica e contratual para tal medida extrema”, lê-se no comunicado da EDEC.

A empresa de distribuição de eletricidade diz que “surpreende o tom acusatório adotado” por uma empresa que se encontra em situação de incumprimento prolongado, circunstância que, segundo a EDEC, recomendaria uma “postura diferente e mais construtiva”.

Limitação da oferta de energia por parte da EDEC à ÁguaBrava

Quanto à limitação da oferta de energia, a EDEC esclareceu que foi forçada a aplicar critérios de priorização “favorecendo os clientes que mantêm seus compromissos financeiros e contribuem para a sustentabilidade do sistema”.

No entanto, a EDEC reiterou a sua “total abertura ao diálogo”, mas sublinhou que é imperativo encontrar uma solução concreta e sustentável para a regularização dos pagamentos em atraso.

O caso

O conselho de administração da Empresa Intermunicipal de Águas (Águabrava) manifestou, no passado dia 29 de Outubro, através de um comunicado, o seu desagrado com a justificação da EDEC sobre a crise energética na ilha.

“A Águabrava lamenta o teor do comunicado da EDEC, que, infelizmente, se traduz numa manifesta fuga de responsabilidade, perante uma crise energética, que se vem registando na Ilha do Fogo, há mais de quatro semanas e sem qualquer previsão de uma solução imediata”, lê-se no comunicado.

De acordo com a mesma fonte, os cortes diários de energia, que continuam a afectar a ilha  e que comprometem particularmente a produção e o fornecimento de água, resultam da avaria de um dos dois maiores grupos eletrogéneos da Central Única da Ilha do Fogo.

Questão das dívidas

A Águabrava considera “infundada a tentativa de associar a situação a supostas dívidas” da Águabrava à EDEC, classificando tal argumento como “demonstração de incapacidade” para garantir a estabilidade e a segurança do fornecimento de energia em toda a ilha.

O comunicado recorda ainda que esta não é a primeira vez que a ilha do Fogo enfrenta uma crise semelhante, referindo que uma avaria idêntica ocorreu há cerca de um ano e meio.

A empresa critica também a forma como a EDEC comunicou a redução do fornecimento de energia para a produção de água, utilizando as redes sociais, o que considera “uma inovação inqualificável”.

ÁguaBrava diz que tem cumprido integralmente os pagamentos referentes ao consumo de energia

A Águabrava sublinha que “é de longe, o maior cliente” da EDEC nas ilhas do Fogo e da Brava e garante que tem cumprido integralmente os pagamentos referentes ao consumo de energia eléctrica ao longo de 2025, “mesmo diante de eventuais situações de sobrefaturação” e apesar das “relevantes perdas financeiras” decorrentes da gestão de águas de rega e pecuária.

O conselho de administração defende que as dívidas cruzadas entre as duas entidades, Águabrava e EDEC, devem ser tratadas “em fórum próprio” e não através das redes sociais, reafirmando a sua disponibilidade para manter o diálogo institucional e encontrar soluções que garantam o normal funcionamento dos serviços essenciais à população da ilha.

A situação de racionalização do fornecimento de energia eléctrica à ilha do Fogo continua, já que um dos dois grupos de maior potência está avariado.

O problema de cortes de energia tem afectado o normal abastecimento de água, mesmo para o consumo humano, e há localidades do município de Santa Catarina do Fogo que estão há mais de três semanas sem águas nas redes.

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