O Carnaval de São Vicente, um dos símbolos maior da cultura cabo-verdiana, entra em 2026 envolto em contradições que refletem não apenas a festa, mas também as tensões entre instituições e comunidades. A LIGOC já confirmou que não há desfile oficial, mas há quem ainda insista em fazer acontecer a festa do Rei Momo.
A Liga Independente dos Grupos Oficiais de Carnaval (LIGOC) mantém firme a sua posição de não haver desfile oficial. Contudo, a decisão, reiterada em comunicados recentes, ecoa como um silêncio da Câmara Municipal de São Vicente, que ameaça a continuidade da maior manifestação cultural da ilha.
Contudo, a realidade popular insiste em contrariar o discurso oficial. Grupos independentes, como a Associação Desportiva Recreativa e Cultural Cruzeiros do Norte (ADRCCN), que apresenta, hoje à noite, o enredo para o próximo ano, num evento a ser realizado no Centro Cultural do Mindelo.
A noite contará com receção, animações, apresentação de reinados e figuras de destaque, culminando na revelação do tema que promete colorir as ruas em Fevereiro.
Governo promete 50% do financiamento necessário
Enquanto isso, o Governo entra em cena com uma promessa concreta de disponibilização de 50% do financiamento necessário para a realização do Carnaval. Um gesto que, para muitos, soa como incentivo à resistência cultural, mas que, para outros, expõe a incoerência entre apoio estatal e a recusa institucional de quem gere o Carnaval em São Vicente.
Porém, em São Vicente, o sentimento partilhado pela população, no geral, é que se não houver desfile oficial, haverá, certamente, pelo menos, desfile popular.
João A. Do Rosário



