Faleceu, aos 111 anos, Viola Fletcher, uma das duas últimas sobreviventes do massacre de Tusla de 1921, considerado um dos piores episódios de violência racista da história dos Estados Unidos. Fletcher era uma criança com apenas 7 anos, quando centenas de homens brancos atacaram e incendiaram o bairro negro de Greenwood, em Tulsa, uma cidade do estado de Oklahoma.
“Hoje, a nossa cidade lamenta a perda da Mãe Viola Fletcher, uma sobrevivente de um dos capítulos mais sombrios da história de nossa cidade”, afirmou o prefeito de Tulsa, Monroe Nichols, num comunicado divulgado esta Terça-feira, 25 de Novembro.
“Fletcher carregava 111 anos de verdade, resiliência e graça, e era uma recordação de quão longe chegamos e de quão longe ainda precisamos ir”, acrescentou o prefeito Monroe Nichols,
A violência na cidade de Tusla começou em 31 de Maio de 1921, depois que um grupo de homens negros compareceu a um tribunal para defender um jovem afro-americano acusado de agredir uma mulher branca. No local, eles se viram diante de uma multidão de homens brancos enfurecidos, que abriram fogo e depois saquearam e incendiaram o bairro, conhecido como “Black Wall Street”, uma das comunidades negras mais prósperas da época.
Monumento vivo à resiliência
Viola Fletcher, que abandonou os estudos no ensino fundamental e enfrentou décadas de pobreza, disse que “viveu o massacre todos os dias”. Ela construiu uma longa vida marcada pela resiliência – trabalhando em estaleiros em tempo de guerra, criando uma família e defendendo a justiça nos seus últimos anos.
Durante décadas, Madre Fletcher, como também era carinhosamente conhecida, lutou arduamente por justiça e reparações por tudo o que foi destruído em Tulsa. Tornou-se uma voz nacional para reconhecimento e reparações e testemunhou perante o Congresso dos Estados Unidos sobre o que viu.
Livro de memórias
Aos 109 anos, Viola Fletcher publicou a sua obra de memórias “Don’t let them bury my story” (“Não deixem que eles enterrem minha história”), com a colaboração de Ike Howard, seu neto, visando preservar a história que ela viveu e garantir que a sua verdade nunca mais seria ignorada ou reescrita.
Uma mulher que carregou história, força e verdade por mais de um século. A sua vida e coragem continuarão a inspirar gerações.
Após a morte de Viola Fletcher, a última sobrevivente do massacre de Tusla é Lessie Evelyn Benningfield, de 111 anos, seis meses mais jovem que Fletcher.
C/ Agências



