Os grupos oficiais de carnaval da Praia já receberam da Câmara Municipal a última tranche referente ao carnaval 2025, no valor de 2400 contos. Com um adiantamento do MCIC, dão início assim aos preparativos para um melhor carnaval no próximo ano.
Até a semana passada, os grupos aguardavam ainda o pagamento de uma última tranche referente ao último carnaval, e que vinham exigindo à Câmara Municipal da Praia desde Maio.
Este pagamento, confirmou o representante dos grupos e o vereador da cultura Jorge Garcia, foi feito na semana passada, trazendo alívio para os grupos, que, do contrário, começariam os preparativos para a festa do Rei Momo 2026 de forma apertada.
A liquidação da dívida da CMP aconteceu um dia antes dos representantes dos grupos deixarem o país para efectuar compras de matéria-prima no exterior, após terem recebido um adiantamento do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas (MCIC), no valor de 430 contos cada, ou seja, 50% do subsídio que será disponibilizado pela tutela, conforme explicou o presidente da Comissão Instaladora da Liga Independente do carnaval da praia, Gamal Mascarenhas.
Dois mil contos por grupo
Com a liquidação da dívida por parte da CMP, fica cumprida, pelo menos no que diz respeito ao Carnaval 2025, a promessa de aumentar a verba para dois mil contos para cada grupo.
Para 2026, garantiu o vereador Jorge Garcia, o valor será mantido, estando a autarquia, neste momento, a discutir o calendário de desbloqueio para concertação com os grupos.
MCIC adiantou metade da verba e passagem internacional
Prevendo os constrangimentos advenientes na tardia disponibilização das verbas por parte das câmaras, um problema que, aliás, conforme Gamal Mascarenhas, é antigo e transversal a outras câmaras, desde o ano passado os grupos solicitaram ao MCIC que adiantasse a verba do carnaval, de modo a permitir o início dos trabalhos com antecedência.
Assim, este ano cada grupo recebeu 430 contos, a metade do total do subsídio atribuído pela tutela, assim como uma passagem aérea para a aquisição de matéria-prima no exterior, tendo em vista as limitações do mercado nacional.
Entre as opções de viagem para Marrocos, Portugal ou Senegal, três grupos escolheram Portugal e um escolheu Senegal, permitindo assim que o início dos trabalhos seja mais cedo do que o habitual.
Mais e melhor para 2026
Os grupos que desfilam na capital do país, diz Gamal, continuam a fazer o esforço anual de tentar melhorar a cada ano, desde a qualidade dos adereços, organização, música, performance e figurantes.
“É o que todos os grupos fazem, na Praia ou em outros pontos do país. Mesmo os que estão mais avançados procuram se superar a cada ano e é isso que nos move, para dar ao público da Praia e de Cabo Verde o melhor carnaval possível”, frisou.
Até agora, está confirmada na Avenida Cidade de Lisboa a passagem de quatro grupos: Samba Jó, Unidos do Mar, Unidos de África e Bloco Afro Abel Djassi, embora este último não vá participar do concurso.
Criação de liga independente trará outro fôlego
Desde o ano passado os grupos de carnaval da Praia estão a trabalhar na criação de uma liga independente, à semelhança do que acontece em Mindelo e do que foi experimentado também no Sal (este acabou por ser desfeito). Já existe uma comissão instaladora e espera-se que, até o final do ano, a Liga esteja legalizada.
Com este passo, os grupos pretendem, não só rever os regulamentos do carnaval, mas unir-se numa única voz na procura dos seus interesses comuns e ganhar mais força também junto das autoridades e patrocinadores.
“Podemos ser concorrentes na avenida, mas estamos todos a volta de um interesse comum que é a elevação do carnaval da Praia. Com uma liga teremos mais força, uma só voz, um objectivo em comum e todos sairemos a ganhar”, explica Gamal Mascarenhas.
Abel Djassi vai sair por amor ao carnaval

O Bloco Afro Abel Djassi não participou do carnaval 2025, em protesto contra a forma como foram conduzidas as avaliações no carnaval de 2024. Segundo o seu presidente, Gamal Mascarenhas, há uma série de anos que o grupo vem sofrendo com este tipo de problemas, desde regras que não são cumpridas conforme o regulamento até mecanismos de litígios dominados pela autarquia.
Diante deste cenário, o grupo entendeu que o concurso perdeu credibilidade e, após um ano ausente, este ano volta ao sambódromo, porém, “por amor ao carnaval”, para se divertir e não para competir. “Nós quando vamos a concurso vamos com seriedade, e exigimos que quem esteja a avaliar faça o seu trabalho também com seriedade”, terminou.
Natalina Andrade
Publicado na Edição 952 do Jornal A Nação, de 27 de Novembro de 2025



