Faleceu, esta Terça-feira, aos 94 anos, Napoleão Bonaparte dos Santos, funcionário público aposentado que foi antigo Chefe de Protocolo dos Presidentes da República, Aristides Pereira e António Mascarenhas Monteiro e do Governo liderado pelo Comandante Pedro Pires. Entre as distinções que recebeu, Napoleão Santos, foi condecorado com a Ordem “Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres” pelo Ministro da Cultura francês, durante a presidência de François Mitterrand.
Napoleão dos Santos, tido como um dos pilares do Protocolo e dos rituais do Estado cabo-verdiano, é também recordado pela sua “competência e elegância” que foram reconhecidas com honras nacionais e internacionais, tendo sido louvado pelo já falecido Presidente da República, Aristides Maria Pereira, por ocasião da Cimeira dos Não-Alinhados em Díli, Timor-Leste, em 1983.
Mais tarde, o seu gosto pelas artes e letras mereceu distinção quando foi condecorado com a Ordem “Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres” pelo Ministro da Cultura francês, durante a presidência de François Mitterrand.
Da sua vida profissional também consta o seu desempenho como contabilista da SERBAM, a maior casa comercial da sua época, e como Secretário do Governador durante o período colonial.
A nível social e desportivo, Napoleão dos Santos foi um dos fundadores do Club Golfe da Praia.
Vida religiosa
Como Nazareno desde a sua juventude, Napoleão dos Santos foi membro ativo da Igreja do Nazareno Maude Chapman, cidade da Praia (Plateau). Serviu como professor da Escola Dominical, emprestou a sua voz como membro do Orfeão e solista, e a sua presença nos cultos era um pilar de devoção, refere uma nota da referida igreja em sua memória.
“Homem íntegro, de palavra firme e caráter ilibado, construiu a sua vida sobre a rocha da honestidade, do serviço e do amor a Deus e ao próximo”, realça a Igreja do Nazareno do Plateau, na cidade da Praia.
“Cidadão do qual se orgulha Cabo Verde”
O Jornalista cabo-verdiano, Álvaro Ludgero Andrade, que conviveu de perto com Napoleão Santos, lamenta o falecimento do “cidadão do qual se orgulha Cabo Verde e homem que irradiou o melhor por onde passou”.
“A trajectória do Sr. Napoleão dispensa palavras, a vida dele fala mais do que 90 anos de gravações ininterruptas. Guardo a imagem de um pai amoroso, um homem de um coração enorme, onde sempre cabe mais um, de onde sai sempre um conselho sem qualquer tipo de reprovação ou juízo de valor, generoso. Conheci o marido, o pai, o sogro, o avô, o tio, o amigo, o profissional de qualidade suprema e de perfeição e honorabilidade insuperáveis”, escreveu Álvaro Ludgero Andrade na sua página de Facebook.
O ex-ministro da República, Jorge Tolentino, também recorda a “inexcedível simpatia” e a “enorme paciência e constante elegância” que caracterizavam o desempenho de Napoleão Santos.
“Na verdade, com ele parte um grande capital de ‘gentlemanship’, tão raro nos dias de hoje”, lamenta Jorge Tolentino que diz ter tido a “sorte de conviver com o Senhor Napoleão em várias etapas da minha vida profissional, no país, mas também em missões ao exterior”, refere Jorge Tolentino.
Napoleão Bonaparte dos Santos nasceu na ilha da Boa Vista a 24 de Março de 1931. O seu funeral realiza-se realiza-se esta Quarta-feira, 03 de Dezembro, às 15 horas, no Cemitério da Várzea, partindo da Igreja do Nazareno no Plateau, cidade da Praia.



