José Luís Mascarenhas, autor da obra “Turismo e Desenvolvimento Sustentáveis – Cabo Verde Pós-Colonial – Volume I” defendeu a necessidade de repensar o modelo turístico nacional para garantir “maior sustentabilidade e benefícios efectivos” para as comunidades locais. Mascarenhas anunciou ainda que o segundo volume da obra, já concluído, deverá ser lançado em Fevereiro do próximo ano e irá apresentar propostas concretas para um turismo diferente, mais distribuído e alinhado com a realidade social e cultural do país.
Durante a apresentação da obra, ontem, 17, no Campus da Universidade de Santiago, na Praia, José Luís Mascarenhas aludiu que o turismo em Cabo Verde ganhou expressão a partir de 1991, com a mudança de regime e de mentalidades, num período em que a actividade era vista com alguma desconfiança devido aos seus impactos negativos.
Por essa razão, explicou, o sector foi inicialmente concentrado em ilhas com reduzida densidade populacional, como o Sal, aproveitando infraestruturas já existentes, nomeadamente o aeroporto internacional.
Como explicou, esta opção contribuiu para a construção de uma visão limitada do turismo no país, associada quase exclusivamente ao produto sol e praia.
Passadas mais de três décadas, continuou, Cabo Verde “continua fortemente dependente” de um modelo tradicional de turismo de massa, baseado no baixo custo e na elevada concentração geográfica.
“Velho turismo” Versus “Novo turismo”
O autor distinguiu o que designa por “velho turismo”, assente nos princípios do “bom, bonito e barato”, de um “novo turismo”, estruturado em três eixos fundamentais, valorizar, viabilizar e vitalizar.
Defendeu que o futuro do sector passa pela valorização dos recursos locais, com especial destaque para a identidade cultural e social cabo-verdiana.
Neste contexto, esclareceu que transformar o cabo-verdiano num produto turístico não significa exploração física ou estereotipada, mas sim a promoção da forma de ser, de pensar e de agir da população, bem como da sua autenticidade.
Mascarenhas recordou a sua experiência profissional na hotelaria em que introduziu a gastronomia e a música cabo-verdianas como forma de aproximar turistas e comunidades locais.
Turismo deve traduzir-se em benefícios concretos para a população
José Luís Mascarenhas frisou ainda que a viabilidade do turismo deve traduzir-se em benefícios concretos para a população, defendendo que o crescimento do sector não pode continuar dissociado das condições de vida das comunidades.
Para ele, a sustentabilidade turística exige equilíbrio entre competitividade económica, protecção ambiental e justiça social, numa perspectiva de longo prazo.
Apesar de reconhecer que Cabo Verde se afirma como um destino competitivo em vários mercados internacionais, o autor alertou para a excessiva concentração do turismo nas ilhas do Sal e da Boa Vista, onde reside apenas uma pequena parte da população nacional.
Este desequilíbrio, considerou, é um dos principais desafios do sector e defendeu um modelo em que o turismo se aproxima das pessoas e dos territórios.
Mascarenhas anunciou ainda que o segundo volume da obra, já concluído, deverá ser lançado no próximo ano, mas concretamente em Fevereiro, e irá apresentar propostas concretas para um turismo diferente, mais distribuído e alinhado com a realidade social e cultural do país.
C/ Inforpress



