PUB

Política

Ministério da Defesa apanhado novamente em falso

O último comunicado do Ministério da Defesa, querendo desmentir o A NAÇÃO sobre a retirada de certificado de aeronavegabilidade ao avião da Guarda Costeira pela AAC, é mais um tiro no pé do gabinete de Janine Lélis. O técnico sul-africano, Nicholas Molea, trazido à baila por aquela entidade, demarca-se da narrativa apresentada pelo gabinete de Janine Lélis.

O Ministério da Defesa começou por dizer que a manutenção da aeronave KING AIR foi feita por um técnico estrangeiro, representante do fabricante da aeronave, que foi submetido a teste de conhecimento, no dia 06 de Maio de 2025, na sala de exame da AAC. Para sustentar o que disse o ministério fez acompanhar um documento onde consta o nome do técnico sul-africano que terá participado na reparação.

Informação falsa

Para além de falsa tal afirmação, o referido “técnico estrangeiro” não era representante do fabricante do avião, mas sim da Afrikair, que não é uma empresa de manutenção. Nicholas Molea, com quem A NAÇÃO falou, garante que só tocou no avião com registo D4-CCL depois da validação da sua licença pela AAC.

Fê-lo só depois de o motor direito do King Air 360 ER ter sido retirado pela empresa Roelof, que não estava autorizada a mexer no avião, porquanto não possuía nenhuma validação/autorização da AAC e, por outro lado, não representava nenhuma organização de manutenção autorizada pela autoridade aeronáutica cabo-verdiana.

De facto, a única pessoa autorizada a mexer no avião com o registo D4-CCL era o técnico sul-africano. Mas, como A NAÇÃO pôde apurar, este técnico podia mexer no avião apenas em situações de manutenção rotineira/linha e não na troca de motores.

 Explicações do técnico sul-africano

Em conversa com A NAÇÃO, Nicholas Molea confirmou a sua participação na reparação do King Air, ressalvando que a manutenção foi realizada de acordo com as especificações e procedimentos do fabricante. “Os motores foram removidos e enviados para a oficina e foram substituídos por motores emprestados. Não há nada de errado com isso”, garante.

E explica: “Antes de eu sair de Cabo Verde, meu colega havia removido o motor direito e eu instalei o motor emprestado, que foi testado e está funcionando normalmente”.

Quanto ao motor esquerdo, Molea diz que não pode comentar, porquanto quando isso aconteceu ele já não estava em Cabo Verde. “Mas o que eu sei é que eles são engenheiros qualificados com experiência na área”, admite.

Contudo, como diz também, a sua única preocupação está relacionada com o facto de o Ministério da Defesa ter publicado as suas credenciais nos meios de comunicação sem o seu consentimento. “Eles publicaram minha licença com meu nome e alegaram que eu lhes dei consentimento, o que não é verdade. A senhora do Ministério da Defesa, Sofia Soares, ligou-me e só disse que queria saber como é que eu estava”.

Molea disse ter estranhado o contacto porquanto essa alta funcionária do MD nunca lhe tinha abordado antes, nem quando estava em Cabo Verde. Para ele, o telefonema só veio a ter sentido quando um amigo seu, da África do Sul, lhe mostrou o comunicado do Ministério da Defesa de Cabo Verde e lhe perguntou o que estava acontecendo.

“Fiquei surpreso e tentei ligar para a Sofia para perguntar o que está acontecendo e ela não me atendeu. Escrevi-lhe um e-mail e enviei-lhe uma mensagem de texto pedindo que ela removesse meu nome da mídia”.

“Apenas política”

Diante disso, Sofia Soares ligou-lhe no dia seguinte dizendo-lhe para não se preocupar, porquanto não era nada em relação a ele, o que se estava a passar era “apenas política” interna de Cabo Verde. “Respondi-lhe que eu não me importo com a política de Cabo Verde e que só queria ver o meu nome fora dessa polémica”.

Este técnico afirma ainda que os problemas relacionados com o King Air 360 ER “não têm nada a ver com a manutenção”. O importante, sugere, é questionar “como é que essa aeronave chegou ao ponto ao ponto em que se encontra”, tratando-se de um aparelho novo chegado há pouco tempo a Cabo Verde.

Daniel Almeida

Leia a matéria na íntegra na Edição 955 do Jornal A Nação, de 18 de Dezembro de 2025

PUB

Adicionar um comentário

Faça o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

PUB

PUB

To Top