PUB

Sociedade

O Acesso à banda larga para todos em África implica custos de 100 mil milhões de dólares

Em África, onde menos de um terço da população tem acesso à ligação de banda larga, para se conseguir acesso universal, de baixo preço e boa qualidade à internet até 2030 irá exigir um investimento de USD 100 mil milhões. Isto segundo um relatório lançado nas Reuniões Anuais do Grupo Banco Mundial, que apela a medidas urgentes para reduzir o fosso no acesso à internet e, simultaneamente, fornece um roteiro para se atingir esta meta ambiciosa.

O relatório do Grupo de Trabalho da Banda Larga para Todos apresenta ideias práticas e sugestões do que é necessário para se alcançar este objectivo, incluindo um plano de acção para conectividade universal de banda larga em África. Para se alcançar acesso universal à banda larga, os países africanos terão de colocar online mais cerca de 1 100 milhões de pessoas. Para tal, serão precisos esforços excepcionais e coordenados dos governos, do sector privado, dos parceiros de desenvolvimento e da sociedade civil diz o relatório mas o investimento vale a pena.

“A agenda digital é, em primeiro lugar e acima de tudo, uma agenda do crescimento e do emprego”, diz Makhtar Diop, Vice-Presidente do Banco Mundial para as Infraestruturas. “A população em idade activa em África deverá registar um aumento de cerca de 450 milhões de pessoas entre 2015 e 2035. Se as tendências actuais se mantiverem, menos de um quarto encontrará empregos estáveis. Alargar o acesso à internet significa criar milhões de oportunidades de emprego”.

Embora o número de ligações à banda larga em África tenha ultrapassado 400 milhões em 2018 (quase vinte vezes os níveis de 2010), a média de penetração regional da banda larga — incluindo conexões 3G e 4G — é de apenas 25% em 2018. A cobertura de banda larga móvel em África só abrange 70% da população. Até mesmo no Norte de África há uma grande margem para crescimento, onde as redes 4G cobrem apenas cerca de 60% da população. Desafios adicionais, tais como a falta de acesso a electricidade fiável e a preços acessíveis dificultam ainda mais o acelerar do curso de transformação digital de África.

Segundo o relatório, aproximadamente 80% de todos os investimentos necessários estão directamente relacionados com a necessidade de lançar e manter redes de banda larga. No entanto, conectar os desconectados não se limita a infraestruturas: cerca de 20% dos investimentos necessários são para desenvolver competências dos utilizadores e fundamentos de conteúdo local e outros 2-4% seriam destinados a criar o quadro regulamentar adequado, refere o relatório. Se bem que o sector privado tenha conduzido a maior parte das iniciativas de banda larga de êxito, as agências públicas têm um papel crucial ao implementarem regulamentação do sector eficaz, corrigirem potenciais falhas do mercado e criarem condições para um sector de banda larga aberto e competitivo.

“Em grandes partes de África estamos a assistir a uma falta de progresso no que toca a alargar o acesso e a cobertura de rede. A acessibilidade de preço está também a cair em muitas nações. A promoção de uma maior inclusão digital vai exigir uma colaboração mais eficaz e mais inovadora”, afirmou Doreen Bogdan-Martin, Directora Executiva da Comissão da Banda Larga para o Desenvolvimento Sustentável e Directora do Gabinete para o Desenvolvimento das Telecomunicações da UIT. “Temos de alavancar os nossos pontos fortes e conhecimentos especializados. Os governos podem contribuir com políticas propícias a novas tecnologias, novos modelos de negócio e investimento. As políticas certas irão, por seu turno, facultar os incentivos ao sector privado para construção das infraestruturas e exploração das novas tecnologias e aplicações que irão induzir a procura”.

Conectar os 100 milhões de pessoas de zonas rurais e remotas, que não têm acesso às tradicionais redes móveis celulares, irá também exigir uma forte participação do sector privado, modelos de negócio inovadores e tecnologias alternativas, tais como soluções técnicas baseadas em Wi-Fi e satélite, refere o relatório.

“Sejamos claros: nenhum interveniente, por si só, será capaz de cumprir a meta de 2030 e suportar o peso das necessidades de investimento de USD 100 mil milhões. Todas as partes interessadas têm de se unir e colaborar para concretizarem o acesso universal à internet a um custo acessível para todos os africanos”, diz Hafez Ghanem, Vice-Presidente do Banco Mundial para a Região África. Isto inclui a União Africana e comunidades económicas regionais; governos africanos e respectivas agências de investimento público; reguladores sectoriais; bancos multilaterais de desenvolvimento; Nações Unidas e outras agências de desenvolvimento; sector privado e grupos da sociedade civil e organizações não-governamentais.

PUB

PUB

PUB

To Top