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Desporto

São Vicente: Micau d’Laginha sonha com Centro de Estágio dos Desportos Náuticos

Amílcar Sousa da Graça, mais conhecido como Micau d’Laginha, 56 anos, teve desde criança uma ligação intensa com o mar. Após cinco anos emigrado em França, pretende regressar ao país e criar o primeiro Centro de Estágio dos Desportos Náuticos e de Praia em Cabo Verde, a situar-se no Sal ou na Boa Vista. 

Conhecida figura do desporto mindelense, sobretudo náutico, depois de cinco anos a viver em França, Amílcar Sousa da Graça, mais conhecido por Micau d’Lagunha, pretende, como revelou ao A NAÇÃO, regressar ao país e levar avante a criação de um Centro de Estágio Internacional dos Desportos Náuticos e de Praia, a instalar na ilha do Sal ou Boa Vista, por ser algo que muita falta faz ao país. 

A expectativa, como afirma, é que a formação de atletas, intercâmbio com profissionais internacionais e desenvolvimento de novas modalidades ligadas ao mar poderão fortalecer ainda mais a presença de Cabo Verde no cenário global dos desportos náuticos. “A criação de espaços adequados para treino e competição é essencial para consolidar o nosso país como um polo de referência nos desportos náuticos”, alerta.

Com vários anos de estrada, em Cabo Verde e no estrangeiro, entre outras contribuições, no passado, Micau conta que participou na criação da Federação Cabo da Natação que, na sua opinião, está a funcionar “muitíssimo bem”. Mas, mesmo assim, “Cabo Verde ainda carece de infraestruturas desportivas ligadas ao mar e ao desporto de salão”, daí a pertinência do seu projecto. 

Quem é Micau d’Laginha? 

Nascido e criado à frente da praia de Laginha, na ilha de São Vicente, o mar e o desporto ajudaram o entrevistado do A NAÇÃO a enfrentar problemas respiratórios na infância. Aos poucos, encontrou na natação uma forma de fortalecer o corpo e aprender a controlar a respiração. Aluno dos Salesianos, expandiu os seus horizontes para o basquetebol, andebol e voleibol, influenciado por figuras marcantes como Djo Borja, Rui Torres e Djimba.

Ainda no desporto, Micau destacou-se como guarda-redes de andebol, defendendo as cores do Cruzeiros do Norte. No voleibol, tornou-se atleta de referência, participando no crescimento da modalidade em São Vicente. E no basquetebol jogou no Batuque e na selecção da ilha por vários anos. 

E, durante 10 anos, presidiu a Associação Regional de Voleibol de São Vicente, período em que ajudou a organizar competições e a consolidar a modalidade como um dos principais desportos da ilha. Foi treinador de Beach Voley levando atletas a Angola e Macau.

Europeu bodyboard

Internacionalização

Foi aos 14 anos que Micau d’Laginha teve o seu primeiro contacto com o “SkinBoard”, por intermédio de um jovem vindo de Portugal, de nome Caícas, filho do já falecido futebolista Carlos Alhinho. Aprofundou-se nos desportos náuticos, tornando-se um dos principais nomes da natação, sendo campeão nacional em 1985 na Boa Vista, com 17 anos, frente aos conceituados nadadores da ilha Tchilao e Ganga, e em várias outras ocasiões.  

O entrevistado do A NAÇÃO conta também que foi um dos fundadores da Escola de Natação Nho Fula e das associações Regionais de Natação de São Vicente e da Praia (Santiago), bem ainda da Federação da modalidade. Foi nadador salvador e instrutor de nadadores nas ilhas de São Nicolau, Sal e Boa Vista. 

Além da natação, ajudou a fundar o Clube de Bodyboard e Surf, promovendo competições em locais como Calhau, Topinho e outras praias da ilha, com apoio de várias entidades públicas e privadas, bem como de uma ajuda muito especial do conhecido fotógrafo e homem do mar, Djibla Mascarenhas.

Micau d’Laginha acredita que o seu trabalho contribuiu para dar maior visibilidade internacional aos desportos náuticos, colocando Cabo Verde no circuito global. Com a ajuda do jornalista e desportista KimZé Brito, contribuiu igualmente para a inscrição de Cabo Verde na International Surf Association. 

Como refere, a colaboração com KimZé foi essencial para que o nosso país se tornasse um “destino reconhecido para modalidades como surf, kitesurf, boadyboard, e natação em mar aberto”. Eventos como Jogos da CPLP, que incluíram voleibol de praia, natação de águas abertas, foram marcos importantes nesse processo de internacionalização. 

“O nosso club Skibosurf também foi inscrito no circuito europeu de boadybord e nesse mesmo ano trazido para São Vicente um circuito europeu de Body Profissinal”, destaca com orgulho. 

Euro/África

Micau enfatiza o facto de ter sido escolhido também como técnico, na África do Sul, orientando uma selecção de África dos desportos náuticos que venceu uma congénere europeia. Coordenou igualmente uma selecção cabo-verdiana de Futvoley que em 2024 esteve em Albufeira Portugal, onde teve como dupla temível Pu e Ja.

Graças a isso tudo, como salienta, “hoje em dia já temos campeões a nível internacional em várias modalidades graças aos esforços de todos e dos próprios atletas”. 

A professora Eduarda Vasconcelos teve um papel decisivo no desenvolvimento de Micau, incentivando-o a especializar-se na organização de eventos desportivos. Foi por meio desse apoio que realizou uma formação na Cidade do Porto, em Portugal, aprimorando os seus conhecimentos sobre gestão e estruturação de competições de alto nível.

Como reconhece, esse aprendizado foi essencial para que pudesse regressar a Cabo Verde e profissionalizar a organização de eventos, tornando-se uma referência na área. Com base na experiência que foi acumulando ao longo da vida e eventuais parcerias, poderá levar avante o seu projecto da primeiro Centro de Estágio dos Desportos Náuticos e de Praia em Cabo Verde. 

“Mais do que um projecto ou um sonho meu, é uma necessidade que o país padece, tendo em conta a relevância que o nome de Cabo Verde já ocupa no campo internacional dos desportos náuticos”, conclui. 

 

João A do Rosário

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