“Onde se Fala Português: uma viagem pelos países lusófonos” é o novo livro do viajante e escritor brasileiro Guilherme Canever. Entre Cabo Verde, Moçambique, São Tomé, Angola, entre outros países e regiões onde se fala a “língua de Camões”, o escritor deixa pistas da história e cultura local, fruto de experiências pessoais.
O livro nasce a partir de relatos de viagens. Mas não é um livro apenas sobre viagens. Traz um compilado de experiências vividas em cada país, cultura e história local, mas, também, sobre um ponto em comum que une esses territórios: a língua.
“Apesar do português não ser a língua mais falada em todos estes países, com certeza fez uma grande diferença nas minhas viagens. Ao viajar pelos primeiros países lusófonos, percebi uma grande facilidade para me locomover, interagir e compreender. Era diferente de quando utilizava uma segunda língua, quase que um elo afetivo”, revela o escritor, que passou por Cabo Verde em 2019.
Mais do que um instrumento de comunicação, revela, o português é hoje uma ponte entre culturas que dialogam, criam e se reconhecem umas nas outras, sem anular a diversidade.
“Ele não nos uniformiza. Pelo contrário, revela a diversidade que cabe dentro de uma mesma língua. Somos reconhecidos como parentes, talvez um primo distante, mas nunca um desconhecido. Ao falar a língua, conseguimos entrar na intimidade, perceber questões que normalmente não nos atentaríamos”, confessa o autor.
Guilherme, que tem viajado por diversos países juntamente com sua família, diz ter ficado maravilhado ao poder se sentir em casa, mesmo do outro lado do Mundo.
Nove países, uma língua
No total são nove os países os quais o livro convida a conhecer: Cabo Verde, Angola, Moçambique, Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Guiné-Equatorial e Guiné-Bissau, todos parte dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).
Para além destes, a obra também traz outras regiões onde se fala o português, embora não seja língua oficial: Golfo da Guiné, Senegal, Índia, Macau e Galícia.
A língua também viaja
No livro, Guilherme fala da língua portuguesa como um “testemunho da transformação constante que define a nossa experiência humana”, da sua origem no latim, a transformação ao longo dos séculos, as nuances e variedades que foi ganhando na sua própria viagem por terras distantes.
“Cada país visitado, cada língua ouvida, moldou minha compreensão do mundo e, de certa maneira, transformou minha visão de mim mesmo”, diz o autor.
Cabo Verde: Cosmopolita e exuberante
No capítulo sobre Cabo Verde, país onde o autor conheceu três das 10 ilhas, Guilherme descreve São Vicente como a ilha “mais cosmopolita” e detentora da cidade “capital da cultura”.
Santo Antão, por sua vez, aparece como a “mais exuberante”, devido, sobretudo, à “imponência da natureza” e suas “paisagens dramáticas”.
A ilha do Sal, como não podia deixar de ser, é descrita como a “mais turística”, onde ficam os maiores hotéis e resorts.
Outros livros, outras viagens
Para além deste livro, Guilherme Canever é reconhecido por outros títulos que desafiam os limites da geografia oficial e da literatura de viagem tradicional. Entre eles estão “De Cape Town a Muscat: Uma Aventura pela África”, “De Istambul a Nova Délhi: Uma Aventura pela Rota da Seda”, “Destinos Invisíveis” e “Uma Viagem pelos Países que Não Existem”, este último sobre territórios não reconhecidos pela ONU.
Neto de um grande pesquisador na área de geologia, a paixão de Guilherme Canever por viagens começou ainda pequeno, no seio da família, alimentada pelas inúmeras expedições do avô, João José Bigarella. Começou com pequenas viagens e acampamentos na América do Sul, até que, em 2009, decidiu sair para um ano sabático com a esposa, Bianca. “Onde se Fala Português: uma viagem pelos países lusófonos” é, portanto, o seu mais recente livro e Cabo Verde faz parte dele.
