Um acidente de trabalho numa obra de construção civil, ocorrido na manhã de hoje no bairro de Cidadela, Cidade da Praia, deixou uma vítima mortal e um ferido ligeiro. Um homem, que aparenta ter mais de trinta anos, terá caído do terceiro andar, enquanto trabalhava no guincho. Um segundo trabalhador ficou com um ferimento no braço.
O acidente ocorreu poucos minutos depois das 8h, quando, segundo relatos de pessoas no local, o guincho terá se desprendido e caído, em condições não esclarecidas.
A vítima, natural do Fogo e residente em Achada Grande Frente, ficou no chão por cerca de 20 minutos até a chegada dos bombeiros. O óbito foi declarado no local e o por volta das 10h20, o corpo ainda permanecia no local do acidente.
A Inspeção Geral do Trabalho esteve no local do acidente e, segundo o Inspetor Geral, Anildo Fortes, o trabalhador encontrava-se com todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como botas e capacete, e também estava coberto pelo Seguro Obrigatório de Acidente de Trabalho (SOAT).
Sem avançar o que levou a ocorrência da queda, assegurou que será feito um inquérito, para apurar as circunstâncias do acidente.
Segundo acidente mortal em uma semana
Este é o segundo acidente de trabalhado com vítima mortal num espaço de uma semana.
O primeiro caso aconteceu na passada quinta-feira, quando um rapaz de pouco mais de 20 anos caiu do quarto andar de um prédio, em Palmarejo e acabou por falecer.
De acordo com Inspetor Geral do Trabalho, tem havido falta de articulação entre as instituições com responsabilidade na fiscalização.

Anildo Fortes – Inspetor Geral do Trabalho
“Infelizmente é de lamentar. Nós temos tentado sempre fazer fiscalização nessas obras, mas só a fiscalização não é suficiente. É preciso ter articulação entre várias instituições. Nomeadamente as Câmaras Municipais que licenciam as obras, as ordens profissionais, nomeadamente dos engenheiros e dos arquitetos, a Inspeção Geral do Ordenamento do Território e Construção Imobiliária, para juntos tentarmos evitar que estas situações aconteçam”, indicou Anildo Fortes.
Segundo o mesmo, a IGT não tem recebido a comunicação do início das obras. “Deparamos com essas obras quando estão bem avançadas. Ou alguém nos avisa, ou estamos a passar e vemos as obras. Os donos das obras devem comunicar o início das obras e as próprias Câmaras Municipais poderiam fazer isso, mas não o fazem, o que torna a fiscalização um bocado difícil”, relata.
Outro problema tem sido, conforme avançou, a informalidade. “É um setor em que há muita informalidade, qualquer pessoa é mestre de obra, qualquer pessoa é responsável de uma obra, o que torna difícil. Para além das questões de usos de EPI, SOAT, bem como os equipamentos de proteção coletiva”, indicou.
No caso do acidente da semana passada, numa obra em Palmarejo, segundo Anildo Fortes, a mesma já tinha sido objeto de uma coima aplicada pela IGT. Entretanto, garante, só a inspeção não resolve. “Tem de haver assunção de responsabilidade dos próprios donos, dos encarregados e dos próprios trabalhadores. Os trabalhadores ao verem alguma situação de insegurança não devem trabalhar. Devem tomar todo o cuidado, fazer toda a análise se estão reunidas as condições, para iniciar o trabalho”, reforça.
