Filha da ilha do Fogo, radicada em Santiago, Leonor Montrond Centeio caracteriza o seu percurso como sendo cheio de sonhos, partidas, recomeços e sobretudo reivenções… Cedo soube que a sua vocação era cuidar das pessoas, decisão que a levou ao Senegal, onde realizou a licenciatura em Enfermagem.
Foram nove anos de formação, estágios e trabalho em clínicas, marcados por muito esforço e dedicação. Em 2016 concluiu a formação e, apesar das oportunidades, decidiu regressar a Cabo Verde. Em 2021 o destino levou-a à Brava, no âmbito da campanha de vacinação contra a Covid-19.
Com o término do contrato, viu-se confrontada com o desemprego, um momento “silencioso”, onde descobriu algo novo, o crochêt. “Começou como um passatempo para ocupar o tempo e a mente, mas rapidamente percebi que as minhas mãos poderiam criar mais do que cuidar das pessoas”, conta.
Recorda-se também, da sua infância em Chã das Caldeiras, onde observava a mãe cozinhando e foi com ela que aprendeu a transformar frutas “em tesouros”.
Hoje, enquanto aguarda uma nova oportunidade para retomr a enfermagem, Leonor divide as mãos entre o crochet e o aroma dos doces e donetes. Produz peças artesanais, doces tradicionais e donetes que levam um pouco de doçura ao dia de quem os prova, pois, para Leonor, o fim de um contrato não significou o fim da sua história, mas o início de um novo capítulo.
Aos jovens, deixa uma mensagem: “Não desistam! O desemprego pode ser uma porta fechada, mas nunca um muro. Olhem para dentro de vocês, resgatem talentos guardados ou aprendam algo novo, a vida exige que a gente reinvente todos os dias, pode ser o caminho para descobrir versões ainda mais fortes de si mesmo”.