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Sociedade

Sintra e Cabo Verde a… cinco minutos de distância

A Associação Luso-Caboverdiana de Sinta (ACAS) inaugurou hoje um balcão da Loja do Cidadão de Cabo Verde, na Serra das Minas, Rio de Mouro, que vai passar a fazer a ligação online e rápida entre a comunidade de Cabo Verde e a Administração Pública daquele país.
«Antigamente, para se pedir uma simples certidão de nascimento, um cabo-verdiano a residir no estrangeiro chegava a esperar seis meses. Por vezes, quando a recebia até já estava fora de validade. Em casos de maior urgência, uma pessoa tinha de se deslocar a Cabo Verde para tirar uma simples certidão. Não se justifica, pelo que o Governo de Cabo Verde, no acelerado processo de reestruturação e modernização tem feito acordos com países como Portugal e disponibiliza junto de associações como esta uma plataforma de ligação rápida e direta à Administração Pública», comentou, satisfeito, o secretário de Estado da Administração Pública do Governo de Cabo Verde, Romeu Modesto, presidente na cerimónia.
Presidente da Câmara aplaude
E o teste foi feito logo a seguir ao ato oficial, com um pedido de certidão que demorou três minutos a ser emitido. De todas as certidões, só o Registo Criminal levará mais algum tempo. O resto, é na hora.
Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra, fez questão de se associar a esta inauguração. «Dois 31 mil imigrantes do concelho, oito mil são cabo-verdianos. Uma comunidade perfeitamente integrada, trabalhadora e uma mais valia para Sintra e para Portugal», disse, vincando o «prazer da autarquia na ajuda que deu para a criação deste balcão da Loja do Cidadão, que vai permitir maior qualidade de vida à comunidade cabo-verdiana», juntou.
Emigrantes, não. Comunidade, sim!
Em declarações ao jornal A Bola, Romeu Modesto lembrou o «enorme investimento do Governo na modernização da Administração Pública», a política de «aproximação das comunidades ao seu país de origem» e a política de «proliferação de acordos para abertura de lojas do cidadão em todo o mundo onde haja cabo-verdianos».
O secretário de Estado evocou uma realidade sui-generis de Cabo Verde: tem 500 mil habitantes e um milhão de cidadãos espalhados pelo mundo. Que nunca são tratados como emigrantes, antes como comunidade. Ou seja, vistos como uma extensão do País por outros territórios, muitos deles bem longínquos. Por isso existe até no Governo um ministério das Comunidades.
«O cabo-verdiano mantém uma forte ligação ao seu país, às suas raízes. Prova disso, o facto das remessas das comunidades representarem uma percentagem muito significativa do PIB de Cabo Verde. «Mesmo em tempo de profunda crise internacional, as remessas não se ressentiram», conta Romeu Modesto.
Por outro lado, lembra o secretário de Estado, Cabo Verde é também um país de acolhimento dos seus cidadãos espalhados pelo Mundo, que «cada vez tem mais condições para que os cidadãos na diáspora invistam, regressem e instalem-se em Cabo Verde».
«Em relação às remessas, por exemplo, a nossa filosofia vai muito além do simples envio de dinheiro para apoio à família ou poupança. Procuramos que muitas dessas remessas se traduzam em investimento produtivo para desenvolvimento do País. Hoje, em face da tal modernização da Administração Pública, já é possível criar uma empresa numa hora, por exemplo», frisou Romeu Modesto.
Campeão Mundial de Kickboxing gere associação
A Associação Luso-Caboverdiana de Sintra é dirigida por João Reis, um ex-campeão mundial de kickboxing, retirado em 2010. Uma associação que, inserida em Rio de Mouro, faz um trabalho social que vai muitíssimo além de ter um balcão da Loja do Cidadão.
A ACAS é parceira no Projeto Escolhas Saudáveis e em programas de inserção profissional e apoio em três áreas: psicossocial, educativo e imigrante. Devido à escassez de receitas próprias, concorre a programas que têm financiamento oficial, nomeadamente ao nível de fundos comunitários, recebendo também ajuda direta da Câmara Municipal de Sintra e juntas de freguesia, ou indireta de outras associações, agrupamentos de escolas, etc.
«A nossa intervenção de apoio à comunidade é de apoio multidisciplinar. Desde programas estruturados até ajuda de emergência, aconselhamento jurídico ou à legalização, etc. E, apesar do nome, não se pense que só prestamos apoio à comunidade cabo-verdiana. Prestamos apoio a comunidade onde estamos inseridos. Quando nos pedem ajuda não perguntamos de que nacionalidade são as pessoas. Todos têm as portas abertas, as situações de carência e emergência não têm nacionalidade», frisou João Reis.
Fonte: A Bola

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