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Ambiente

Sede do Parque Natural do Monte Gordo inaugurada no Dia Mundial da Água

A sede do Parque Natural do Monte Gordo, em São Nicolau, é inaugurada amanhã, domingo, 22, Dia Mundial da Água. Actualmente, o parque constituiu uma das principais reservas biológicas do país, com 33 espécies endémicas. Por isso, o edifício, orçado em 60 mil contos, e construído a partir de pedra local, vai permitir melhorar a qualidade dos serviços prestados aos visitantes, na esmagadora maioria estudantes, mas também às equipas de investigação.

Elevado à categoria de Parque Natural em 2003, através do decreto-lei 3/2003 de 24 de Fevereiro que criava, na altura, a Rede de Áreas Protegidas, o Monte Gordo é considerado, hoje, uma das principais reservas biológicas do país, sobretudo ao nível de plantas vegetais, com 33 espécies endémicas.

Aliás, uma dessas espécies, Macela do Gordo (nauplius smithii), que só existe na área do Monte Gordo, encontra-se mesmo em risco de extinção. A estas espécies vegetais juntam-se também as animais. Das 14 aves existentes, cinco são endêmicas e três migratórias. A mais emblemática, a Toca de Cana, encontra-se também em extinção. Daí a importância da maior eficiência na gestão do próprio parque, tendo em vista a preservação dessas e de outras espécies.

Perante este quadro, Lindaci Oliveira, gestora do parque, acredita que a nova sede vai trazer um conjunto de mais-valias, a começar, desde logo, pelo aumento do espaço técnico que vai permitir, por sua vez, aumentar “a capacidade para os trabalhos de pesquisa para o departamento de seguimento ecológico”, respondendo assim, a um dos objectivos do parque que “é a preservação” e  “conservação”.

Uma ideia que é reforçada por Moisés Borges, director nacional do Ambiente. “Vamos intensificar os contactos com as universidades do país, mas também com as universidades espanholas, alemãs, portuguesas e americanas, que vêm a Cabo verde e a São Nicolau em particular, para produzirem investigação”, assegura.

É que essas investigações simplificam o acesso à informação, que na óptica de Borges vão facilitar também “a própria gestão do parque e dos seus recursos”.

Aumento da qualidade

As vantagens prendem-se ainda com o aumento da qualidade dos serviços prestados pelo parque. “Dos habituais serviços que são prestados aos visitantes, este edifício possui um restaurante e uma esplanada, que vêm aumentar a oferta, mas também a geração de alguns postos de trabalho, com a gestão do restaurante”, destaca.

O edifício, funcional, está dotado de vários espaços, entre eles uma recepção, esplanada, cozinha, sanitários, gabinetes, sala de reunião e formação, e um espaço técnico, que ocupa um bloco inteiro. Inclusive, como avança Lindaci, a construção foi pensada ao pormenor. “O edifício em si representa um miradouro natural, desfrutando de uma boa vista. Todo o edifício, de carácter tradicional, está revestido de pedra local, tanto no interior, como no exterior, permitindo um melhor enquadramento no ambiente rural”, elucida a gestora do parque.

Integração comunidade local

Em termos de funcionalidade, a nova sede vai fomentar ainda o maior engajamento das cerca de 40 famílias que moram dentro do perímetro do Parque Natural de Monte Gordo, permitindo, na óptica dessa responsável, “uma maior disponibilidade de espaço para realização de actividades de carácter social, nomeadamente formações e encontros dos diferentes grupos existentes na comunidade do Cachaço”.

Aliás, a integração da comunidade local nas actividades do parque sairá reforçada com a nova sede. Essa é a opinião de Moisés Borges, para quem a nova infraestrutura reúne condições para “a realização de formações, mas também actividades que permitam o conhecimento, em sala, dos recursos do parque, para que possam também tirar o maior proveito, de forma sustentável”.

Lindaci Oliveira reforça ainda que há todo um vasto trabalho realizado junto dessas famílias para que vivam em harmonia com a paisagem e promovam a preservação da mesma. “Temos promovido actividades geradoras de rendimento, com formações  na área do artesanato, produção de plantas e de sabão de babosa”, argumenta.

Neste momento, a comunidade local tem ainda acesso a uma linha de crédito para o desenvolvimento do auto-emprego através do comércio, criação de animais e agricultura. De acordo com informações da gestora do parque, avançadas ao A NAÇÃO, a comunidade usufrui também da exploração de lenha e do viveiro comunitário, assim como da oferta de alojamento e refeições aos visitantes. Formas de trazer “sustentabilidade” e “rendimentos” para as famílias.

De acordo com Moisés Borges, o projecto da sede do Parque Natural do Monte Gordo rondou os 60 mil contos e, além de verbas do Fundo Mundial para o Ambiente, conta também com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e do orçamento de Estado.

Alunos lideram visitas

Apesar de São Nicolau ser um destino turístico com potencialidades para o turismo de montanha e ecoturismo, curiosamente, os estudantes são os que mais procuram o parque. Em 2013, recebeu 1427 visitantes,  dos quais apenas 517 são de nacionalidade estrangeira.  Já em 2014, registou-se um ligeiro aumento, ou seja, cerca de 1237 visitantes nacionais e 592 estrangeiros. A Europa lidera em termos de visitantes estrangeiros, sendo a maior fatia constituida por turistas provenientes da Alemanha e Holanda. Os estudantes, sobretudo do Ensino B·sico Integrado, lideram a categoria de visitantes. GC

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