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Sociedade

Cuidado com “caçu body” de cabelo

A crescente procura de fios capilares, artificiais ou naturais, tem feito inúmeras mulheres seguirem uma certa padronização de beleza. Entretanto, começam a surgir casos de pessoas vítimas de “cassu body” do cabelo. Pedaços de cabelos são cortados à tesoura, ou arrancados à força, pelos ladrões.
Luana e Leleca, funcionárias de uma barraca de cabelos no Sucupira, alertam que mulheres que colocam cabelos podem ser vítimas de roubo. Sim, de acordo com as duas fontes, os ladrões usam a técnica de cortar cabelo com a tesoura para roubar fios alheios para depois venderem. Isto porque a procura por fios capilares, na cidade da Praia, é um negócio que tem vindo a crescer.
“Agora, ao invés de roubarem telemóveis e carteiras, há ‘thugs a roubarem cabelos. Principalmente se for cabelo humano cujo preço varia entre 18 mil e 30 mil escudos, conforme a quantidade”, afirma Luana.
Matilde (nome fitício) não quis dar a cara, mas contou ao A NAÇÃO a sua desagradável experiência de ter sido vítima de um quase “cassu body” de cabelo.
“Estava dentro de um hiace, com o meu filho no colo, perto do Sucupira. De repente, sinto que alguém, atrás de mim, deu uma ‘pegada’ forte numa boa quantidade do meu cabelo junto ao couro cabeludo. Percebi que era uma mulher e pedi que largasse o meu cabelo. Ela não largou. Segurou e entrelaçou o resto do cabelo na sua mão e puxou com toda a força”, recorda.
Matilde, naturalmente, gritou e implorou que o condutor parasse a viatura para que pudesse descer. O carro travou bruscamente e todos quiseram sair às pressas para ver o que se estava a passar. “Como eu tinha o meu filho no colo não consegui pegar a assaltante. Ela saiu a correr… As pessoas, ao meu lado, estavam assustadas e não entenderam muito bem o que havia acontecido na hora. Foi tudo tão rápido”, recorda.
Matilde diz ter a certeza que a misteriosa mulher pensou que o cabelo dela fosse de extensão, isto é, artificial, que poderia desprender-se com um simples puxão. “O azar dela é que o meu cabelo é verdadeiro, não é extensão”,  afirma.
Um vício capilar
“A extensão capilar é viciosa. Muitas mulheres colocam, da primeira vez, para experimentar, mas, ao tirar o cabelo, a sensação com que se fica é que a cabeça ficou pequena e leve. Fica difícil ficar apenas com o cabelo natural”, revela a cabeleireira Jocilene Fortes.
Jocilene explica que ela não vende cabelos, apenas a mão-de-obra, por três mil, e que o prazo de uma extensão capilar é de três meses. Caso a pessoa estender esse período de tempo, a tendência é os cabelos se entrelaçarem e ficarem com um aspecto poroso, nada fácil de cuidar.
“Uma das coisas que reparei nas minhas clientes é que ao colocarem a extensão várias vezes, a partir de um determinado momento, torna-se necessário cortar o cabelo natural totalmente. Pois, o cabelo natural enfraquece e deixa de aguentar o peso do cabelo implantado”, nota Jocilene.
Segundo a cabeleireira, a procura maior é por cabelos humanos e “caipira” (sintético). “Eu divido os cabelos, pego na extensão, e vou amarrando a linha ao cabelo natural”, conta.
O tempo de uma aplicação bem feita é, também, um factor que Jocilene faz uma chamada de atenção. “É impossível colocar uma extensão em duas horas. Se eu começar às dez horas, provavelmente, termino às 16 horas. É um trabalho manual onde, quanto menor for colocado o cabelo em cada tufo, mais natural fica”, afirma Jocielene Fortes.
Efeito Rapunzel
Lelena e Luana trabalham na mesma barraca de cabelos artificiais no Sucupira e são da opinião que mulher tem que ter “cabelão”, porque é assim que “os homens preferem”. “Aqui as pessoas procuram mais o cabelo trançado e ‘dreads’, mais conhecido por ‘lolita’”, diz Lelena.
A venda de cabelo é um negócio que vem crescendo no mercado cabo-verdiano, onde várias mulheres vivem disso. Os preços dos cabelos, como é óbvio, variam de lugar para lugar, em função, muitas vezes, da origem do produto: Brasil, Senegal e Angola, por exemplo.
A beleza da mulher, sem dúvida, é realçada pelos fios  – tanto os naturais  como os artificiais. “A nossa auto-estima fica lá em cima, principalmente se o cabelo for comprido e natural”, afirma Luana.
Eunice é, também, cabeleireira no Sucupira e coloca cabelos artificiais há seis anos. “O gosto em colocar cabelos aumentou nesses últimos dois anos. Agora, até quem tem cabelo natural quer colocar mais para aparecer mais volumoso. E, claro, agora, também temos mais opções”. Eunice acrescenta que de todos os cabelos importados, o mais caro é o do Brasil porque é humano.
 

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