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Morreu José Leitão da Graça, figura histórica do nacionalismo cabo-verdiano

José Leitão da Graça, figura histórica do nacionalismo cabo-verdiano, líder da extinta União do Povo das Ilhas de Cabo Verde (UPICV), morreu este domingo à noite, na cidade do Tarrafal, ilha de Santiago. Tinha 84 anos e o seu funeral acontece esta segunda-feira, à tarde, na cidade da Praia.
Formado em direito, José Leitão da Graça nasceu na cidade da Praia, a 30 de Novembro de 1931. O seu apogeu político acontece em 1974, altura em que, com a mudança de regime em Portugal (25 de Abril), surge como um dos adversários do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), opondo-se, acima de tudo, ao projecto da unidade com a Guiné, mas a favor da independência. Derrotados e neutralizados os adversários do PAIGC, Leitão da Graça embarcou para o segundo exílio, em Portugal, até 1986, ano em que regressa a Cabo Verde.
Em 1990, com a abertura política, tenta ressuscitar a UPICV, mas sem sucesso. Tirando isso, sempre foi se posicionando politicamente sobre os mais variados assuntos da vida nacional através, sobretudo, de artigos em jornais. Parte desses artigos estão reunidos no seu livro “Golpe de Estado em Portugal… Traída a descolonização de Cabo Verde” (Praia, 2004).
A vida política de José Leitão da Graça começou, na verdade, no início dos nos anos cinquenta do século XX, em Portugal, estudante ainda, pelas mãos de Amílcar Cabral. É este, futuro fundador do PAIGC, que o introduz nos meios antifascistas e anticolonialistas, especialmente da Casa dos Estudantes do Império. Aqui priva também com o angolano Mário Pinto de Andrade, o moçambicano Marcelino dos Santos, entre outros.
Aliás, ainda em Lisboa, com Gabriel Mariano, José Araújo e Manuel Duarte, José Leitão da Graça participa na formação do grupo Nova Largada, grupo esse que, além de literatura, tinha também objectivos políticos anticoloniais. Dessa iniciativa surgiu de resto a revista “Suplemento Cultural” ao “Boletim Cabo Verde” (1959).
Chamado de volta a Cabo Verde, em 1960, aqui permanece por pouco tempo. A PIDE (polícia política), recém instalada no arquipélago (Praia e Mindelo), apercebe-se do seu trabalho de político junto de jovens estudantes primeiro de São Vicente e depois da Praia, e resolve prendê-lo. Alertado, com ajuda de alguns amigos (entre eles Arménio Vieira e Mário Fonseca), acaba por ter que fugir para Dakar, Senegal, rumando mais tarde para o Gana, onde chega a viver por algum tempo, trabalhando como locutor na rádio nacional desse país.
Politicamente, José Leitão da Graça considerava-se a si próprio como um homem de esquerda, seguidor de Mao Tsé-tung. Apesar de se opor à unidade entre Cabo Verde e Guiné, Leitão da Graça era um pan-africanista convicto, admirador de Kwame Nkrumah, que chegou a conhecer durante o seu exílio no Gana.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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