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Fogo

Fogo: Projecto Vitó preocupado com visitas ao Ilhéu de Cima

A presença de anónimos e pescadores no Ilhéu de Cima (entre Brava e Fogo) está a preocupar os responsáveis do Projecto Vitó. Além de andarem a perturbar a desova de tartarugas, há registos de carcaças desses animais capturados pelos frequentadores do ilhéu.
Herculano Dinis, do Projecto Vitó, revelou ao A NAÇÃO que durante as visitas de trabalho ao Ilhéu de Cima foi possível constatar que o local, este ano, está a sofrer uma grande pressão com visitas de pescadores, emigrantes e pessoas da Brava em busca de praia para lazer.
“Numa das nossas deslocações encontrámos mais de duas dezenas de pessoas que estavam já alguns dias no ilhéu. Pessoas essas que se deslocaram ao local numa embarcação privada e vários pescadores do Fogo. Há demasiado lixo no ilhéu e a presença frequente de gente causa um impacto muito negativo sobre o ambiente, sobretudo por causa do uso indiscriminado de luz, à noite”, alerta.
Fora isso, aquele responsável revela também que há riscos de destruição de ninhos de aves no mesmo ilhéu, algumas das quais em vias de extinção. Isso para não falar da captura de tartarugas, dado que já foram identificadas pelo menos quatro carapaças nas duas viagens que realizámos ao ilhéu”, alerta.
Tirando isso, Dinis avança que a campanha de desova e preservação de tartarugas, de um modo geral, está a desenrolar-se dentro da normalidade na ilha do Fogo. “Temos guardas e voluntários nas principais praias de desova nos três concelhos da ilha. Santa Catarina continua a ser o principal ponto de desova, com um total de 24 ninhos registados. Nesse concelho temos um biólogo-estagiário da Uni-CV a recolher amostras para um estudo que estamos a desenvolver em parceria com a Queen Mary University, no Reino Unido. Entre outros resultados, pretende-se realizar estudo genéticos da população de caretta caretta de Cabo Verde”.
Já no concelho de São Filipe, segundo aquele responsável, há o registo de apenas 15 ninhos e no município dos Mosteiros nove. No Ilhéu de Cima, “local em Cabo Verde com maior densidade de tartaruga por área, já foram identificados 78 ninhos e marcação de nove tartarugas fêmeas”, avança Dinis.
Conforme esse ambientalista, dos resultados apurados até agora, comparativamente ao anterior, há uma ligeira diminuição do número de ninhos. Mas, conforme faz questão de ressalvar, “como estamos ainda a meio da temporada é difícil precisar qual o motivo exacto da baixa registada até agora”.
CONTRATEMPOS
Segundo Herculano Dinis, para além da dificuldade inicial a nível de financiamento, um outro factor que atrasou o início da temporada foi a demora na obtenção do despacho da Capitania dos Portos para que a equipa de seguimento pudesse deslocar-se ao ilhéu na mesma embarcação que fazia antes. Captura de tartarugas, inundação e arrastamento de ninhos, por parte do furacão Fred, que atingiu arquipélago em finais de Agosto, são outros contratempos registados, também, na ilha do Fogo.

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