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Sociedade

Cidadela: Asfaltagem da via principal só em 2016

A asfaltagem da via principal do bairro Cidadela vai acontecer apenas em meados de 2016. Os moradores congratulam-se com o anúncio da Câmara Municipal da Praia (CMP), mas pedem muito mais, dado que o bairro carece de uma intervenção profunda tanto a nível de vias de circulação como de outros equipamentos prometidos pela Tecnicil e que não saíram do papel.
De acordo com o presidente da Associação dos moradores da Cidadela, João Manuel Tavares, “Djony”, os problemas do bairro são vários e antigos e, a fazer fé nos dados em seu poder, as perspectivas para a sua resolução não são para já. Isto apesar de a CMP já ter adjudicado a obra da asfaltagem, que vai da entrada da Farmácia Universal à rotunda do Palmarejo Grande, ao consórcio Tecnovia e CVC, conforme é do domínio público.
“Da conversa que mantivemos com o vereador das Infra-estruturas, Transportes Rodoviários e Gestão de Espaços Públicos, Alberto Mello, são necessários cerca de 25 mil contos para asfaltar apenas a via principal e a Câmara não dispõe deste montante por agora. A haver dinheiro, a previsão para o arranque dos trabalhos é só em meados de 2016”.
Contudo, Djony Tavares diz que a mera asfaltagem da via principal, a acontecer realmente, representará um grande alívio para os moradores e não só. Mas alerta que alcatroar apenas a via principal não resolve o problema e as aspirações dos residentes do bairro, dado que todas as vias de circulação estão, neste momento, em péssimas condições e carecem de uma intervenção de fundo, urgente.
“O estado actual das vias de circulação tem causando enormes constrangimentos e prejuízos aos moradores, automobilistas e pessoas que necessitam circular diariamente na Cidadela. Não há uma linha de transporte público para o bairro, os táxis evitam viagens, uma vez que a via não é confortável, e quando aceitam sempre cobram mais caro, devido à péssima condição das estradas”.
CULPA DA TECNICIL
Aquele porta-voz dos moradores da Cidadela aponta o dedo à Tecnicil, empresa responsável pela infra-estruturação do bairro, pelo caos existente naquele que devia ser uma das zonas mais bem equipadas da capital. “A Cidadela enfrenta hoje graves problemas básicos relacionados com a falta de iluminação pública, falta de água na rede domiciliar, falta rede de esgotos e estradas em péssimas condições. Não foi isso que a Tecnicil nos vendeu quando lhe compramos os terrenos”, acusa.
Conforme aquele responsável, a Tecnicil e a Electra continuam a não se entender quanto à responsabilidade que cabe a cada uma no que toca, por exemplo, à ligação de água ao domicílio. Isso porque essa rede, instalada na altura da urbanização, apresenta falhas e perdas enormes.
“No último encontro realizado entre as partes, e que contou com a presença do então ministro da Energia e Turismo, Humberto Brito, a Electra, com base em números de lotes existentes na Cidadela, apresentou um orçamento de 250 mil contos para a reabilitação da rede de água. E, por se tratar de um valor elevado, ela propôs repartir as despesas entre os proprietários, quando, até hoje, o bairro ainda não possui mil proprietários residentes”.
No entanto, Tavares afirma que a Tecnicil advoga que a rede é boa e que a Electra é que nunca fez o teste; a Electra, por seu turno, afirma que fez os ensaios e que houve perda de água considerável em vários pontos.
“De facto, os moradores nunca presenciaram um teste realizado pela Electra. Então, depois daquela reunião entre as partes, e no sentido de esclarecer o assunto de uma vez por todas, foi agendado um ensaio com a presença de todos os responsáveis, mas, por duas vezes, foram adiadas”, critica.
Segundo Tavares, havia perspectivas de que o problema seria resolvido através do segundo pacote do programa de Millennium Challenge Account (MCA), “mas o orçamento apresentado não passou”. “Em alternativa, o projecto já foi encaminhado para a ANAS (Agência Nacional de Água e Saneamento), e temos esperança que essa entidade venha a ajudar-nos a resolver este problema. Não é normal que um bairro, como a Cidadela, não tenha rede de água. Só em Cabo Verde”, desabafa.
PERDA DE ATRACTIVIDADE
Entretanto, face aos vários problemas que a Cidadela apresenta, Djony Tavares afirma que muitos moradores estão a mudar-se para outros bairros com melhores condições. “Há casos de pessoas que compraram terrenos e que agora querem vender porque já não se sentem motivados a construir na Cidadela, mas também não estão a conseguir vender porque o bairro deixou de ser atractivo”.
Para contornar a situação, Djony Tavares afiança que a Associação dos Moradores vai continuar a lutar para que todos os equipamentos constantes no projecto inicial da Tecnicil sejam realmente implementados, nomeadamente espaço verde, hospital, campo de futebol, posto policial, entre outros.
CÂMARA PASSO A PASSO
Abordado pelo A NAÇÃO, o vereador Alberto Mello confirma que a asfaltagem da via principal da Cidadela está prevista para o primeiro semestre de 2016. Isto porque o consórcio Tecnovia e CVC que venceu o concurso está, agora, a alcatroar os bairros de Ponta d’Água e Vila Nova. “De seguida, será a vez do Palmarejo Baixo e só depois disso será a Cidadela”, pontua.
Mello confirma, igualmente, que a asfaltagem da via principal de Cidadela está orçada em cerca de 25 mil contos. “A Tecnicil, empresa responsável pela urbanização do bairro, já se predispôs a co-financiar uma parte dessa verba. Estamos a aguardar para ver qual é o montante que ela vai realmente disponibilizar dentro da sua capacidade financeira”, ressalva o vereador da CMP.
Segundo aquele vereador, face à incapacidade financeira da CMP em re-asfaltar todo o bairro de uma sentada, a ideia é negociar com algumas empresas o tapamento dos buracos nas vias que mais necessitam de intervenção, assim como de outras melhorias “urgentes”.
Do resto, quanto às outras reivindicações dos moradores, designadamente espaços verdes e outros itens constantes no projecto inicial da Tecnicil, Alberto Mello diz que a CMP vai sentar e conversar com os moradores e definir quais as prioridades e ver se existe alguma capacidade financeira da autarquia para melhorar o bairro, mas que isso também só em 2016.

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