A economia de Cabo Verde em 2015 andou numa espécie de montanha russa, com altos e baixos, com o Banco Central a projectar um crescimento entre 1 e 2%, portanto, muito aquém do desejado. Para 2016 a estimativa, do BCV, é de 2,5 a 3,5%, números que têm sido contestados pelo maior partido da oposição, o MpD. O certo é que, tendo em conta os condicionantes de ordem financeira a nível mundial, a par dos estrangulamentos internos que os há, a economia do arquipélago lá se vai aguentando, tanto assim que 2015 acabou por ser um ano de “grandes projectos em carteira”.
Factos & dados
Ambiente de Negócios
1- Apesar das críticas internas, nomeadamente do empresariado em relação aos constrangimentos que enfrenta para aumentar a sua competitividade, a nível internacional Cabo Verde continuou a merecer elogios, sendo apontado como exemplo no mundo em vários domínios. Isto, diga-se também, independentemente da política fiscal do país ser apontada por muitos como o maior entrave à economia das ilhas.
Elevada carga fiscal e taxas tributárias foram tónica recorrente ao longo do ano, sendo chefe das reclamações o presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento, Jorge “Scapa” Spencer. Tanto assim que, cansado, diz que a agremiação que representa “cortou” o diálogo com a ministra Cristina Duarte, por simplesmente nao ser capaz de “dialogar” com ninguém. Aliás, os novos códigos tributários para pessoas singulares e para pessoas colectivas foram fortemente contestados, como, mais uma vez, estando o Governo a meter a “mão” nos bolsos dos contribuintes.
2 – Em 2015, Cabo Verde foi até eleito o melhor dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) para se fazer negócios, de acordo com o ranking do Banco Mundial, o mesmo banco que concedeu um empréstimo orçamental de 3,3 milhões de contos ao Governo do país.
3 – Contudo, curiosamente, também em 2015, Cabo Verde perdeu duas posições no ranking do Doing Business 2016, elaborado pelo mesmo Banco Mundial, passando da 124ª posição, para a 126ª, no total das 189 economias mundiais avaliadas. Em 2013, este arquiélago encontrava-se na 87ª posição da geral da competitividade do turismo mundial, e em 2015 na posição 86.
Em termos de ambiente de negócios, em 2015 está na 72 posição do quesito ambiente de negócios em geral, mas em 2013 o indicador tinha outro nome, outros subtópicos de avaliação e menos quatro países em análise, não se pode avaliar da mesma forma, CV estava na 39 posição. Em 2015 indicadores sofreram algumas alterações.
Factos & dados
Turismo & grandes projectos em aberto
1 – Em termos de turismo, tido como o “motor” da economia cabo-verdiana, 2015 parece ter sido um ano de alguma retoma para o sector que tem implicações directas na economia. Enquanto no primeiro trimestre entraram apenas mais 136 turistas no país do que igual período de 2014, ou seja, plena época alta, os números do decorrer de 2015 deverão ser bem melhores. É que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o número de hóspedes acabou por aumentar 14,9 por cento (%), no terceiro trimestre de 2015, face ao igual período do ano passado.
Porém, muitas críticas têm sido avançadas por experts da área, entre eles Victor Fidalgo, consultor e desbravador de grandes empreendimentos turísticos no país, alertando para a necessidade de mudança de paradigma em relação ao sector, com maior facilidade de ambiente de negócios na atracção do investimento externo e política fiscal. Em 2015, Cabo Verde encontrava-se na 72 posição da tabela do índice de competitividade do turismo mundial, no quesito ambiente de negócios, num universo de 141 países analisados.
2 – Fora dos resorts que dominam o turismo nacional, em contrapartida, muitos defendem a diversificação do destino Cabo Verde. E para isso advoga-se uma maior necessidade de se vender também o turismo de montanha e eco turismo, que, apesar de grandes potencialidades, ainda estão aquém das expectativas, em grande parte devido à falta de transporte eficiente e regular para ilhas como Santo Antão, São Nicolau, Fogo e Brava.
3 – Mesmo assim, em 2015 os grandes projectos para empreendimentos turísticos para Cabo Verde dispararam, com projectos, uns mais de “maquete” e “show off”, do que outros, mais palpáveis, e os quais se perspectiva andamento em 2016. São eles Hilton Praia, Hilton Boa Vista, com obras a arrancar no próximo ano, e Lhana Beach Resort no Sal, a inaugurar em Outubro ou Novembro de 2016. Todos estes projectos são do The Resort Group.
Não menos relevante é o controverso projecto do Djeu, na cidade da Praia, do macaense David Chow, de 250 milhões de euros e com obras apontadas para iniciar no primeiro trimestre 2016. A ver vamos.