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Economia

Hub da TACV na ilha do Sal: Transferência de trabalhadores vai custar mais de 270 mil contos

A implementação do hub aéreo no Sal pode vir a custar mais de 270 mil contos à TACV, com a transferência de cerca de 150 dos seus trabalhadores para aquela ilha. Isto sem falar das despesas de instalação da administração da companhia. Esta operação, à semelhança de outras, será feita mediante um novo aval do Tesouro Público?
Cerca de 150 trabalhadores da TACV, ou seja, 75 do pessoal de cabine, 45 pilotos e 30 operacionais, serão transferidos nos próximos dias para a ilha do Sal, no âmbito da implementação do hub aéreo, conforme estratégia adoptada pela Icelandair. Esta lidera o processo de reestruturação da transportadora aérea cabo-verdiana, com vista à sua privatização, em data a estabelecer.
Alguns desses trabalhadores viram-lhes já atribuídos 705 contos, como suposto “subsídio de instalação”, mas, segundo uma fonte bem posicionada, esse apoio deverá ascender para 1.100 contos. Esta “reapreciação”, ao que A NAÇÃO apurou, surgiu dos problemas levantados pelos visados, na maioria com a vida feita na cidade da Praia, com casos de casais com filhos menores, ter que desmontar a casa para se instalar no Sal.
De acordo com o esquema montado, quem aceitar ser transferido terá direito a casa durante um ano. Para isso, a TACV já contratualizou com a Tecnicil a disponibilização de apartamentos no complexo Vila Verde, em Santa Maria, na ilha do Sal. A confirmar-se, a TACV irá desembolsar 37 mil escudos para cada T1 e 47 mil para T2, sem contar com 10 mil escudos/mês para os custos de condomínio nesse complexo cuja ocupação mostrou-se problemática nos últimos anos, devido à crise que abalou o sector da imobiliária, crise essa que quase levou a empresa de Alfredo Carvalho à falência.
Contas feitas, com a transferência dos trabalhadores para o Sal, a TACV, ou o Estado, irá desembolsar mais de 270 mil contos. Neste momento resta saber como é que essa operação será financiada. Ao que tudo indica, uma vez mais, será por via de mais um aval do Estado, sendo que neste momento, desde que a TACV entrou em processo de restruturação, com a entrada deste governo, consumiu já 2,2 milhões contos (ver caixa).
Entretanto, segundo o nosso interlocutor, só uma minoria dos trabalhadores da TACV é que está a par dessas movimentações. “Até ao nível do Conselho de Administração, só Armindo Sousa, o administrador financeiro, está a 100 por cento em funções; o administrador Mário Socorro Barbosa e o PCA, José Luís Sá Nogueira, só assinam papéis e circulares. Tudo passa por Mário Chaves, gestor português, indigitado pela Icelandair, para dirigir a TACV”.
O processo decisório com vista à transferências dos trabalhadores no sentido de operacionalizar os voos a partir do Sal “tem sido lento”, porquanto “o pessoal de cabine exigiu mundos e fundos para a mudança ainda este mês”. A transferência dos pilotos, por exemplo, será concretizada em Abril.
Do sector da manutenção, segundo a nossa fonte, “só Edmilson Lubrano, ex-homem forte de António Neves e João Pereira Silva, e o seu staff mínimo, foram chamados. O resto vai para casa através de indeminizações ou reforma antecipada”.
O pessoal administrativo vai igualmente para casa. Uns fecharam acordo no dia 1 deste mês e uma boa parte continua a negociar os montantes respeitantes à indeminização.
Hub em função de operadores
Segundo o nosso interlocutor, a partir do Sal para os diversos destinos internacionais, “os voos tardam em encher”, o que motiva, sistematicamente, a transferência das operações para o aeroporto da Praia, “cada vez que um contrato com operadores não resulta. Além disso, mantiveram um voo para Lisboa a partir da Praia e a ligação com Boston continua a ser feita também a partir da Praia”.
Com a TACV a diminuir os seus voos de e para o aeroporto Nelson Mandela a sua concorrente portuguesa, TAP, continua a dar sinais de abocanhar o grosso do mercado étnico cabo-verdiano. Neste momento, para a Praia, estão previstos 10 voos semanais, dos quais sete nocturnos, diariamente e três voos diurnos às segundas, sextas e domingos. De referir também o aumento “substancial” dos preços dos bilhetes.
Daniel Almeida
*Texto publicado na edição 545 do Jornal impresso A Nação.

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