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Economia

Antigo administrador admite que os pilotos da TACV tinham “grande influência” na gestão da companhia

O antigo administrador não executivo da TACV, Jorge Spencer Lima, admitiu ontem, dia 9, que os pilotos tinham uma “grande influência” na gestão da companhia aérea, fazendo com que “fossem agravados os resultados e, sobretudo os gastos financeiros”.
“Os pilotos é que mandavam na TACV”, disse, acrescentando que a administração de então teve que “travar uma grande luta” com esta classe que beneficiava de “subsídios incomportáveis”.
Spencer Lima, que se referia a 2001-2003, período em que pertenceu ao conselho de administração da companhia aérea de bandeira, fez estas revelações em sede da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a gestão da TACV desde 1975 a 2017.
Conforme fez saber, os pilotos da companhia aérea nacional nunca aceitavam ficar hospedados em “hotéis de segunda ou terceira (classe)”.
“O mínimo teriam que ser hotéis de quatro ou cinco estrelas”, precisou Spencer Lima, acrescentando que o Pessoal Técnico de Cabine (PNC) já chegou a estar no hotel Sheraton, de Lisboa, um “dos mais chiques” da capital portuguesa, o que “agravava a exploração financeira da companhia”.
Disse não entender uma série de medidas adoptadas pela administração que sucedeu a outra da qual fez parte, nomeadamente o cancelamento de um contrato entre a TACV-Cabo Verde Airlines e as Linhas Aérea de Moçambique (LAM), que resultou em prejuízos para a companhia de bandeira.
Segundo ele, o contrato com a LAM permitiu à TACV utilizar um aparelho desta companhia aérea na abertura da linha Lisboa-Sal-Fortaleza e vice-versa, mas foi cancelado pela administração presidida por João Higino Silva, que optou, acrescenta, pela TAP, “a concorrente principal da TACV”.
“Entregámos a nossa linha de Fortaleza à TAP, que estudou este mercado às nossas custas, controlou os passageiros todos, depois abandonou-nos e abriu uma linha diária Lisboa/Fortaleza directa”, lamentou Spencer Lima, acrescentando que a TACV, para ser competitiva nessa rota, teve que “baixar os preços dos bilhetes e outras coisas que poderiam ter sido evitadas”.
Perante a CPI, fez questão de realçar que a administração a que pertenceu “não fez outra coisa senão destruir tudo” o que tinham feito e aponta dedo ao responsável do departamento governamental pela área dos transportes, na altura, que permitiu que os dirigentes “fizessem o que bem quisessem”.
Nas suas declarações afirmou que em 2001, ele e a sua equipa encontraram uma “TACV de sempre, ou seja, uma empresa completamente falida, sem recursos financeiros e onde era necessário um grande jogo de cintura para se pagar, pelo menos, os custos dos aparelhos”.
“Não tivemos tempo suficiente para consolidarmos as mudanças que queríamos introduzir e inverter a curva negativa em termos financeiros”, concluiu.
Quanto ao “hub” no Sal, concorda com a decisão tomada, mas lamenta que o país vai ter uma única companhia, a TAP, a transportar os cabo-verdianos para Praia e S. Vicente, “o que é contraproducente”.
Inforpress

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