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Sociedade

Barrado na Fronteira: nigeriano quer responsabilizar Estado pelos gastos efectuados

Barrado na fronteira do Aeroporto da Praia, um cidadão nigeriano quer responsabilizar o Estado cabo-verdiano pelos gastos efectuados com a viagem. Clement Ugochukwu Okika se diz vítima de maus-tratos e discriminação por parte dos agentes da Polícia cabo-verdiana.
Tudo começou na madrugada de 3 de Março, uma sexta-feira. Ao desembarcar no aeroporto da Praia, num voo proveniente de Casablanca, Marrocos, Clement Ugochukwu Okika terá criticado a forma como foi tratado por um agente da Polícia de Fronteiras que o atendeu, vendo logo de seguida o seu sonho de passar uma semana de férias ca capital cabo-verdiana a ir por água abaixo.
Okika, segundo contam seus familiares, tinha inclusive hotel pago, sendo que a sua intenção era, depois das férias na cidade da Praia, seguir para o Brasil, país onde reside legalmente há mais de 11 anos e onde tem uma empresa, casa própria e família constituída.
“Ele trazia consigo mil dólares. Isto pode até ser lido no auto de verificação de meios de subsistência, assinado pelo agente que o atendeu. Mesmo assim, o policial disse que essa quantia não era suficiente e que ele precisava de mais 200 dólares. Foi então que ele questionou o porquê, já que os cidadãos da Europa entram e saem sem quaisquer chatices, enquanto os da África, ainda por cima da CEDEAO, passam por aquela situação”, conta um familiar de Okika, dando conta que após esse questionamento o seu familiar viu ser-lhe negada a entrada em Cabo Verde, com a justificativa de que os meios de subsistência apresentados, mil dólares, não comprovavam a finalidade da viagem.
 Depois de detido
As nossa fontes contam ainda que Clement Okika ficou detido numa cela no aeroporto da Praia, onde iria esperar pelo voo seguinte que o iria levar de volta à Casablanca. “Quisemos vê-lo e falar com ele, mas não nos foi permitido. Perante a nossa insistência, os agentes da Polícia disseram que nos iriam prender também”, prossegue um dos nossos interlocutores.
Este afirma ainda que o seu familiar ficou sem comer e beber até à madrugada de domingo seguinte, altura em que conseguiram que um advogado pudesse se deslocar ao aeroporto para se inteirar da situação.
Clement Okika foi mandado de volta para Casablanca no voo da Air Moroc, que saiu da Praia por volta da meia-noite da segunda-feira seguinte à data em que foi barrado. Inconformado, quer agora que o Estado de Cabo Verde assuma os custos que teve com os bilhetes de passagem e hotel. É que acredita que foi vítima de represália por ter criticado a forma como foi tratado nos serviços de fronteira no Aeroporto Internacional Nelson Mandela. “A desculpa utilizada é inaceitável. Com mil dólares uma pessoa consegue manter-se por sete dias na cidade da Praia, ainda mais quando tem hotel pago”, diz um familiar de Okika.
A NAÇÃO tentou ouvir a versão da Polícia Nacional, mas ninguém respondeu aos nossos pedidos de contraditório.

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