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Sociedade

Quatro em cada 10 cabo-verdianos dizem não estar informados sobre regionalização

Quatro em cada dez cabo-verdianos dizem não estar devidamente informados sobre a regionalização do país, proposta que está a ser socializada pelo Governo, segundo um estudo hoje divulgado.

De acordo com os primeiros resultados do estudo do Afrobarometer/Afrosondagem em relação a Democracia em 2017, 40% dos cabo-verdianos dizem não estar devidamente informados sobre a regionalização de Cabo Verde, pelo que não têm opinião sobre a matéria.

Dos que estão informados, mais de um terço (35%) concorda e considera que é uma prioridade e quase um quarto (24%) discorda, considerando que não é uma prioridade para o país.

Quanto aos efeitos esperados após a implementação da regionalização, um terço dos cabo-verdianos (34%) considera que vai proporcionar maior autonomia às ilhas e que vai garantir maior liberdade de opções de desenvolvimento para as ilhas do arquipélago (33%).

Quase um quarto (23%) dos cabo-verdianos considera ainda que vai aumentar os gostos do Governo e 10% entende que a proposta vai agravar os problemas do bairrismo e a burocracia nas instituições públicas.

A Afrosondagem está ligada à Afrobarometer, uma rede de pesquisa apartidária em 36 países africanos, e já realizou inquéritos idênticos em 2002, 2005, 2008, 2011 e 2014 sobre as atitudes dos cidadãos em matéria de democracia, governação, economia, sociedade civil e outros tópicos.

Nesta sondagem, foram entrevistadas 1.200 pessoas com mais de 18 anos nas ilhas de Santo Antão, São Vicente, Fogo e Santiago, e o estudo tem uma margem de confiança de 95%.

Durante a apresentação, o diretor-geral da Afrosondagem, José Semedo, informou que a recolha de dados aconteceu entre 20 de novembro e 05 de dezembro de 2017, e que o Governo começou “ações efetivas” para esclarecer os cabo-verdianos em março.

“Mas, não obstante esse ‘gap’, a verdade é que esse tema vem sendo abordado e discutido desde 2015, já com o Governo anterior”, referiu José Semedo.

O diploma sobre a regionalização, que se encontra desde agosto na comissão paritária do parlamento cabo-verdiano, precisa de dois terços dos deputados para ser aprovado.

O programa de Governo do Movimento para a Democracia (MpD), que saiu das eleições de 2016, propunha-se conseguir o consenso com os demais partidos políticos e sociedade civil para avançar com a regionalização, admitindo, se necessário, a realização de um referendo.

Em fevereiro, no âmbito de uma conferência para debater a proposta, o primeiro-ministro excluiu a possibilidade de promover um referendo sobre a regionalização do país, considerando que o poder político tem de assumir a responsabilidade de fazer avançar o processo.

No início do mês, a presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Janira Hopffer Almada, disse que o seu partido quer a realização de um referendo sobre a regionalização, considerando que o processo deve ser antecedido de uma “ampla reforma” do Estado.

O Governo estimou em 400 milhões de escudos anuais (cerca de 3,6 milhões de euros) os custos da regionalização, que prevê a criação de dez regiões administrativas nas nove ilhas habitadas.

Para a ilha de Santiago, a maior e mais populosa de Cabo Verde, está prevista a criação de duas regiões.

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