O projecto “desenhar Chã das Caldeiras” está sendo implementado pelo Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura do Mindelo (M_EIA) em parceria com a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (Portugal).
Em declarações à Inforpress, o responsável do M-EIA, Leão Lopes disse que no quadro da parceria existente entre a sua instituição universitária com algumas parceiras estrangeiras, nomeadamente as Universidades do Porto e de Coimbra, um grupo de dois professores da Faculdade de Belas Artes e dois alunos do curso de desenho visitaram Chã das Caldeiras para conhecer a realidade e organizar este projecto “desenhar Chã” que vai ser finalizado com uma publicação.
Segundo Leão Lopes, a instituição que dirige e as parceiras fazem programas conjuntos e que no ano passado a M_EIA abriu o ano lectivo com o Instituto Superior Técnico e este ano com a Universidade do Porto (Faculdade de Belas Artes), indicando que a ideia era para ser noutra ilha, mas privilegiou Chã das Caldeiras para que os parceiros conheçam esta realidade e o que se está a fazer em Chã.
Por seu turno, o professor Mário Bismarque, que à semelhança de uma outra docente desta faculdade tinha visitado Chã das Caldeiras antes da erupção, explicou que a intenção é trazer os alunos para organizarem uma série de desenhos e um olhar para a realidade de Chã das Caldeiras, quer pela sua paisagem, pessoas, economia, agricultura ou comércio.
Conforme o docente, pretendem fazer uma “espécie de reportagem visual dessa vida em Chã das Caldeiras” para, na sequência da recolha das imagens (desenhos, fotografias, entrevistas) produzirem um pequeno livro que “retrata um pouco este momento crítico da vida em Chã das Caldeiras, depois da erupção, da reconstrução da terra e o sair da lava para construir as suas vidas”.
Mário Bismarque, explicou ainda, que os docentes têm uma imagem daquilo que era Chã das Caldeiras antes da erupção, mas para os alunos este é o primeiro contacto com África e com esta particularidade que é Chã das Caldeiras e toda a intensidade da natureza que destrói o construído e cujos habitantes reconstroem, mesmo sabendo que daqui a alguns anos haverá uma outra erupção, que possivelmente destruirá outra vez, sublinhando que os estudantes “que não tiveram o antes”, identificaram esta vivência e vontade de resistir que é Chã das Caldeiras.
Aproveitando a estadia dos professores e estudantes, a M_EIA organizou um encontro com os professores do ensino secundário de toda a ilha que trabalham na área de educação artística, desenho e geometria descritiva, para trocas de experiências nesta matéria.
Segundo Mário Bismarque, o encontro com os professores que decorreu nas instalações da Casa da Memória, em São Filipe, “não era para ensinar nada, antes pelo contrário havia mais questões que gostávamos de colocar de que as respostas”, mas para aperceber como é esta realidade de ensino e como educar visualmente a população estudantil no secundário, assim como os professores lidam para “criar uma consciência do visual, da paisagem e da linguagem das imagens nas crianças e incutir um gosto neste modo de comunicar que é desenho”.
Inforpress